Aulas de Antropologia do desenvolvimento do AA 2014
Lição de 19 de Novembro 2014
Antropologia sincrética
É necessário, adoptar uma abordagem antropológica, o que pode proporcionar
instrumentos válidos para a compreensão dos métodos a adoptar na abordagem dos processos de mudança e desenvolvimento social.a técnica do informador privilegiado e a análise estrutural não são métodos adaptos para pesquisar sobre os processos de mudança social; revelam-se preciosos esses métodos:
a) Abordagem qualitativa
b) Observação participanteAos processos de mudança social e desenvolvimento se podem 'atribuir' quatro 'Propriedades' principais capazes de orientar o olhar antropológico: eis a primeira
1) Nos processos de mudança social e de desenvolvimento interagem regras diferentes,
diferentes culturas e subculturas heterogéneas, sistemas de valores, de configuração de conhecimentos e de representações heterogéneos, sistemas de acção heterogéneos, estratégias e lógicas sociais heterogéneos
Ha portanto uma ruptura entre a antropologia clássica que escolhe os objectos que valorizam
a persistência,
a homogeneidade
e a coerência.
e a antropologia da mudança social e desenvolvimento que compara elementos
heterogéneos,
divergentes,
diferentes
e contraditórios
É necessaria, uma antropologia do sincretismo que estude a complexa interacção destes elementos diferentes que são postos no centro da construção do objecto específico da antropologia da mudança social e do desenvolvimento. O objecto específico da antropologia do desenvolvimento é a sociedade liquida e contraditória (Giddens, Hannerz, Appadurai, Baumann) onde a identidade sendo uma atribuição social é também liquida e sujeita a todos os factos sociais totais que a plasmam.
A antropologia do desenvolvimento deve, portanto, interessar-se não só das "comunidades locais", ou das "populações-alvo”, mas também dos dispositivos de intervenção, dos mediadores e corretores, e dos agentes externos
Intervêm fenómenos
- de comparação,
- de negociação,
- de rejeição,
- de desvio,
- de adaptação,
- de subversão,
- as lutas de poder e
- os compromissos,
- as transacções
E não importa que esses fenómenos sejam considerados a um nível cognitivo, económico, político ou simbólico: estes termos tendem a prevalecer, nas definições próprias da antropologia do desenvolvimento (enquanto eles estão completamente ausentes na antropologia clássica)
em África, esses conceitos estão intimamente ligados, aos elementos do desenvolvimento e estão localizados no centro da maior parte dos fenómenos sociais contemporâneos
2) Os processos de mudança social e de desenvolvimento mobilizam
as estruturas "intermediárias",
"informais",
transversais: 'redes', afinidades, clientes,
os clubes locais, profissionais ou familiares
Não é possível dar conta duma visão mais ou menos durkheimiana das 'instituições', que influenciou até agora a maneira com a qual a antropologia tem organizado os capítulos das suas monografias: poder, parentesco, religião e assim por diante.
O interesse da antropologia clássica para grupos e para as linhagens de parentesco, para a comunidade residencial, deixou pouco espaço à descrição de dispositivos sociais mais liquidos, lábeis, ambivalentes e adaptáveis, que se interpõem entre o actor social e a ordem estabelecida
A este nível uma certa sociologia e uma certa antropologia tornam-se inseparáveis. De facto, com a "post-modernização" não desaparecem as relações interpessoais - sejam eles "igualitárias", ou "hierárquicas", e a racionalidade burocrática permanece muito longe do normal funcionamento das administrações Africanas
3) Os processos de mudança social e desenvolvimento são por definição diacrónicos.
Trata-se de uma dimensão muitas vezes esquecida pelas escolas da antropologia clássica (culturalismo, funcionalismo, estruturalismo, simbolismo ... ), que lutaram contra a diacronia histórica e o evolucionismo.
4) Os processos de mudança social e desenvolvimento estão localizados na interface entre a antropologia e a sociologia "macro"
por um lado, e a etnografia e sociografia "micro" do outro. Dito doutra maneira, estão localizados na interface entre a estagnação estrutural e a acção dos agentes sociais. Os factos da mudança social e do desenvolvimento ao mesmo tempo melhoram as ligações externas e a autonomia ou a capacidade de iniciativa (e resistência) de indivíduos e grupos locais
Também neste caso, a antropologia clássica tende, ao contrário, a dar prioridade à autonomia dos sistemas culturais e, ao fazê-lo, anula o efeito do contexto mais alargado e, ao mesmo tempo, a composição criativa dos actores sociais
holísmo
Entre todas as ciências sociais é a antropologia que se interessa do ponto de vista da totalidade, ou ponto de vista holístico. Sem dúvida, a consciência de que a sociedade é mais do que a soma das suas partes está igualmente presente nos fundadores da sociologia, bem como em muitos dos seus sucessores
Mas a antropologia confere ao paradigma holístico o suporte dos seus métodos específicos de investigação no campo. A pesquisa intensiva, a longo prazo, numa situação concreta, parece-me particularmente adequado para colher uma realidade em todas as suas dimensões, e, por conseguinte, a sua totalidade
A antropologia da mudança social e do desenvolvimento retoma essa perspectiva holística.
Desse modo, destaca-se o método de analise dos processos de "desenvolvimento" onde não só emergem os diferentes grupos de actores, mas também a própria realidade social em si
Práticas e representações são na verdade sempre, ao mesmo tempo, de ordem económica, social, política, ideológica e simbólica.
Lição de 12 de Novembro 2014
Antropologos do desenvolvimento
Ao nível da implementação de um projeto há várias dimensões que a análise sistêmica não pode classificar:
Dentro do paradigma sistémico afirmaram-se algumas tentativas de demitigar ou adaptar a sistematicidade e o espaço que deve ocupar tudo aquilo que, na realidade social, não é "sistémico", tal como os conflitos, as relações de força e os recursos simbólicos Ha quem reserva o termo "sistema" aos sistemas de produção: sistema de cultivo, sistema de criação, o sistema de produção agrícola. Mas a definição deste sistema como um conjunto de relações entre os sistemas de produção, a organização social e os dados relacionados com as limitações externas
Friedberg
Friedberg define o sistema "um contenidor vazio que deve ser preenchido"
hoje
o termo está fora de moda, e não é mais do que um conceito passe-partout que cada um de nós usa impropriamente
(não é mais um conceito, nem um paradigma, e, em seguida, não há mais uma análise sistémica), e já não acreditável,antes de tudo a abordagem tornou-se mais 'local', mais focada no"micro". As perspectivas, continental ou planetário foram abandonadas, e os esforço de elaboração teórica concentraram-se na compreensão, parcial, de fenómenos sectoriais ou regionais no lugar duma elaboração de grandes afrescos teóricos desencarnados.
O fato de que, desde a década de oitenta, a análise das relações com o cliente (o relacionamento social patrão-cliente)
o estudo das redes sociais cresceu e teve uma forte recuperação da actividade e é significativo este duplo reposicionamento. É possível vislumbrar uma perspectiva mais interaccionisticaDiferentes fases evocam a redescoberta dos temas que, entretanto, foram esquecidos e que são comuns a uma certa sociologia e de uma certa antropologia
Schmidt, Scott, Lande, Guasti,
Communication networks : toward a new paradigm for research
Autor: Everett M Rogers e D Lawrence Kincaid (1981), New York, Free Press.No que se refere à actividade do filão Africanista francês, o fato de que a antropologia do desenvolvimento tem tomado um novo impulso a partir de antigos alunos de Balandier não é desprovido de significado.
Interaccionismo
A perspectiva interaccionista que aqui se defende pretende combinar a análise dos constrangimentos e das estratégias dos actores, a estagnação estrutural e a dinâmica individual ou colectivo
Por outro lado, as relações de força e os fenómenos de desigualdade não são negligenciados, de facto. A ênfase colocada sobre os recursos dos actores sociais que agem a partir do "baixo" e a "margem de manobra" deles
Giddens
Giddens insiste no conceito de Agency que é sobre a capacidade de acção dos actores sociais, e suas competências pragmáticas
"A acção (e poder) dependem criticamente do surgimento de uma rede de actores sociais que se tornam-se parcialmente, e quase nunca completamente, empenhados em "projectos" para outras pessoas. A eficácia da agência, portanto, exige a criação/manipulação estratégica da rede de redacções social"
Long
"Em um nível analítico, o problema é compreender por quais processos intervenções externas que penetram na vida das pessoas e dos grupos em causa e acabam até de incorporar-se nos recursos e nas obrigações das estratégias sociais que eles próprios desenvolvem.
Assim, os chamados factores "externos" se tornam "Internalizados" e assumem um outro sentido, de acordo com os diferentes grupos de interesse ou os diferentes actores individuais"
As sociedades africanas nas áreas urbanas e rurais são mais do que outras atravessadas por diferentes racionalidades é sua confluência que neste momento temos de olhar para compreender as mudanças em curso
Estratégias de produção económica
lógica simbólica
rituais mágico-religiososMas agora é claro o risco de excessiva especialização que avança no campo de pesquisa em nome de uma visão pré-determinada eurocêntrica de "lógica relevante".
Africa
Lógica económica envolvida em rituais,
lógica simbólica subjacentes ao comportamento económico.As estratégias da linhagem,
a hierarquia dos bens simbólicos,
o sistema de valores que regula os procedimentos de reconhecimento social,O processo de capitalização do poder,
as regras de ostentação são exemplos do uso da racionalidade que não pode ser reduzida às estratégias somente económicas
Balandier
Balandier em 50-60 contrariamente ao estruturalismo de Levi Strauss, colocou a ênfase na dinâmica social, na diacronia e nas contradições sociais
Lição de 5 de Novembro 2014
Análise sistémica
o sistemísmo eliminou o profetismo a retórica e a dogmática marxista dando novo sentido aos fenómenos sociais
às ciências sociais aplicam-se os conceitos e terminologia formulados pela cibernética tais como:
sistemas,subsistemas,
interfaces,
retracções
a Análise sistémica pode ser reduzida a
a) paradigma
b)metáforaenquanto paradigma a analise sistémica apresenta duas versões
a) minimalista
b) maximalistapela versão maximalista
a realidade é um sistema
pela versão minimalista
tudo acontece come se a realidade fosse um sistema
em ambos os casos
se tivermos em conta as disciplinas nas quais foi aplicada a análise de sistema , como a termodinâmica, ecologia ou a agronomia,
o conjunto organizado em torno dos problemas sistémicos é auto-regular e sistemático. Trata-se, portanto, de aplicar a mesma grelha conceptual do sistema elaborado por Kuhn, chamado...O Paradigma de Kuhn
Em termos de conteúdo, a análise sistémica das ciências sociais não pode esperar
de desenvolver o papel de paradigma, e isso por motivos relacionados com as características do sistema operacional ou socialO significado cultural e as práticas sociais estão longe de serem sistemas uma vez que trata-se de comportamento humano.
As estratégias dos actores sociais, a ambiguidade dos comportamentos e das representações ... Não somente não podem ser modelada na forma de sistema, mas também contradiz a própria ideia de sistema, como de um tudo que ela evoca em termos de coerência e funcionalidadenem a própria cultura
pode ser considerada como sistema porque isso equivale a negar o específico do social ou seja a multiplicidade das estratégias dos actores sociais, os jogos de poder, as contradições e as incoerências que existem no pensamento e na pratica dos agentes sociais
E por este motivo que a empresa da socioantropologia não pode ser considerada a
"lei" histórica que formaliza e dirige os procedimentos das ciências da natureza mas só podem ser fugazes momentos nas ciências sociais condenados a uma linguagem natural. Basicamente, estamos num cadastro de plausibilidade e não num espaço de falsificação que Popper estudouAnálise sistémica em quanto metafora?
Se o vocabulário sistêmico é constantemente utilizado nas ciências sociais é porque ele leva facilmente a significados menos rígidos. O registo da metáfora, é utilizado pelas ciências sociais e continua a ser uma boa estratégia. O resto, a metáfora é omnipresente no sentido comum. Se a sociedade não é "realmente" um sistema, nem um 'quase-sistema"
Se o vocabulário sistémico é constantemente utilizado nas ciências sociais é porque ele leva facilmente a significados menos rígidos. O registo da metáfora, é utilizado pelas ciências sociais e continua a ser uma boa estratégia. O resto, a metáfora é omnipresente no sentido comum. Se a sociedade não é "realmente" um sistema, nem um 'quase-sistema"
Portanto, estamos a lidar com um sistema metafórico dúctil, e não com um sistema rígido paradigmático.
A produtividade desta abordagem é real, mas os seus perigos não são menos latentes, como acontece com qualquer sistema utilizado como metáfora.Na verdade, o uso de uma metáfora como sistema produz sempre, nos primeiros dias, efeitos positivos, mas pouco a pouco esgota-se e decai, degenerando numa espécie de "política ideológica".
Riscos
o risco é aquele de naturalizar e reificar as metáforas o arguido vem a ser trocado por realidade e acaba-se por acreditar que a sociedade seja verdadeiramente um sistema o risco da aplicação da metáfora sistémica privilegia a funcionalidade ma acaba-se por reter que qualquer sistema social seja funcional e coerente (cfr. sociologia de Parsons e antropologia de Radcliffe Brown o estruturalfuncionalismo)
Considere, por exemplo, a grelha sistémica para avaliar projectos de desenvolvimento trata-se de uma utilização sistemática de sistema metafórico nas ciências sociais.
A distinção entre ecossistema', 'projecto', 'sistema camponês' e 'sistema externo" tem um utilidade exclusivamente pedagógica, e também neste caso, apenas com a condição de sair, o mais rapidamente possível, das categorias formais que esta abordagem evidencia.
como trabalhar em antropologia do desenvolvimento (8 de Outubro)
filtrar a propria experiência no movimento de
a) abordar o objecto aproximando-o
b) afastar-se do objecto descrevendo-odisciplinas auxiliares
A antropologia económica se preocupa com as relações de produção, os modos de produção, pequena produção comercial e o comércio informal.
A antropologia política analisa o poder local, os sistemas da clientela, as formas de representação políticaos benfeitores
são "elites" que desejam ajudar as pessoas (os camponeses, as mulheres, os pobres, os refugiados, os desempregados ... )
A fim de melhorar as suas condições de vida, que querem por-se ao seu serviço, agir para seu próprio bemO acúmulo da crise das economias africanas e dos estados africanos não tem feito que reforçar o peso da "ajuda ao desenvolvimento" e dos "projectos de desenvolvimento" dos pequenos ou grandes, promotores (ONU, cooperativas nacionais, ONG) Não há mais aldeia ou bairro do mundo que não atende às "acções de mudança" ou, em outras palavras, intervenções externas num determinado ambiente gerado pelo estado, o por militantes, ou por operadores privados, na tentativa de transformar, mobilizando, com os comportamentos dos operadores no ambiente.
A África apareceu, desde então, como um reservatório de costumes, religiões e tradições que necessitava da compilação dum inventário. No plano do conhecimento, esta abordagem tem produzido numerosas obras de grande interesse. Nasce a antropologia africanista
As colónias francesa serviram-se dos etnólogos como "peritos". O "conhecimento do ambiente social", foi parte das especificações dos administradores coloniais. Acreditava-se que as pesquisas que esses faziam fossem amplamente suficientes para sustentar a sua política administrativa. Eles, por outro lado, não toleravam qualquer consultoria externa. Ao contrário, eram muito poucos os administradores coloniais que se entregavam à etnologia
conhecer o ambiente social
evolucionismo
Morgan, Marx, Comte, Tylor
todas as sociedades estão num único eixo de desenvolvimentorelativismo cultural
Boas, Benedict Ruth, Margareth Mead
cada cultura deve ser estudada na sua especificidade no campoconsequências
todos os povos africanos eram considerados primitivos e irracionais
A Africa deixa de ser primitiva
descobrem-se na cultura africana formas especificas de racionalidadeLevy Bruhl
mentalidade pre-lógica
os povos primitivos possuem uma certa lógica mesmo se arcaicaMarcel Griaule
sistema de pensamento africano é cosmogónico
construções simbólicas complexas
as sociedades africanas possuem valores específicos contrapostos ao racionalismo ocidental
atacar os preconceitos etnocéntricos ocidentaisMauss-Durkheim
holismo = o facto social é total
a sociedade é o resultado total de todas as suas componentes
a sociedade como feitiço sobrenatural não sujeito à mudançaafricanistica
A escola africanística desenvolveu-se ao redor de Griaule - tem concentrado todos os seus esforços para o estudo dos fenómenos religiosos, rituais e sistemas simbólicos a coerência dos valores e construção míticas "autóctones", e colocando de lado as mudanças históricas e a interacção entre factos religiosos e eventos sociais
Barth, 1969,
agora sabemos que a etnia é um construto social e a identidade étnica é relativa e negociada,
a referência étnica não é exclusivamente o sonho de um administrador colonial ou o golpe de um etnólogo Grupos étnicos distintos em etnias não dependem da ausência de mobilidade, de contacto e informação, não implicam processos de exclusão social e de integração são mantidos apesar das mudanças da participação e adesão no curso de cada história de vida. As etnias - resistem mesmo quando os membros se movem além-fronteiras ou compartilham uma identidade com as pessoas em mais de um grupoanos 60: estruturalismo
mudanças sócio económicas
trilogia: sociedade, cultura, etnia
a cultura como fundamento específico homogéneo resistente e autónomo
etnologia não considerou as contradições sociais a procura do quadro étnicoBalandier
da a conhecer o tema da mudança social típico dos africanistas
acentua os sincretísmos religiosos
perspectiva dinâmica
sociologia urbana em Africa
situação colonial e dominação
reabilita a História em contraposição ao funcionalismo e ao estruturalismoClaude Meillassoux
antropologia económica e social marxista
análise das diferenciações internas nas sociedades rurais africanas
perspectiva históricatemas: relações
velho-jovem, filho-tio
homem-mulher
comércio pre-colonial
escravidão
estado e guerra precolonial e situação actual
análise dos factores de desenvolvimentomodos de produção africanos
relações de produção
análise agroeconomica dos sistemas produtivos
macro-estrutúras em mudanças
estruturalismo marxista de Althusserdesenvolvimento
o "desenvolvimento" foi muitas vezes concebido como objeto de estudo indigno enquanto percebido em função de uma dinâmica imperialista já conhecido a muito tempo.
No entanto, é de salientar a existência de estudos específicos sobre os agricultores africanos, parcialmente inspirados por esta corrente mas viraram-se mais para os trabalhos empíricos, realizados, em especial no que se refere a existência da racionalidade económica dos camponeses em África
conclusão
a antropologia declara a independência rompe com o uniformismo evolucionista
em nome do dinamismodicotomia
sociedade tradicional e industrial
processos de mudança
Expressões como “adaptação”, “integração”, “ manutenção”, largamente utilizadas por Talcott Parsons, colocam-no claramente no campo conservador do pensamento sociológico, alguém que via a política apenas como um instrumento de garantia do bom andar do todo, jamais como instrumento da transformaçãoteoria da dependência
Como uma reacção a todas essas concepções neo-evolucionisticas da modernização, acusadas de pregar a favor da vida ocidental e da economia liberal, nasce em América Latina, influenciada pelo marxismo a teoria da dependência
Para a teoria da dependência o subdesenvolvimento dos países do Sul não é sinal do seu atraso ou efeito do tradicionalismo mas provocado pelo sistema económico mundial imperialista.
Andrea Gunder Franck
A crise económica mundial provocada pela acumulação de capital.
Nos anos 1972 e 1973 foi provocada pelo mercado mundial, que integrou as economias "socialistas" e fomentou no Terceiro Mundo golpes militares e outras formas de repressão política.O 1973-75 foi parte de uma recessão na crise económica mundial. Vários de seus artigos alegaram como essa crise que obriga os responsáveis pelas "políticas" do Norte e do Sul, Ocidente e Oriente, a substituir o pós guerra com políticas expansionista monetaristas de "estabilização". E, em seguida, perderam o controle que cessou praticamente através da década de 1980, com a formação dos blocos económicos, Europeu, Japonês e uma ainda mais grave crise,+. A crise económica mundial foi estendida também para as economias "socialistas" numa mais ampla recessão económica mundial desde 1989 com terríveis consequências para o Leste europeu, incluindo especificamente Jugoslávia e a União Soviética, A ruptura com a economia mundial parece ser o único caminho possível para a emancipação e para um "verdadeiro desenvolvimento".
Samir Amin
antropologia económica marxista
teorias da articulação dos modos de produção e as teorias da dependência com a finalidade de explicar a "estagnação" da África
Processos de dominação e exploração prejudicam o terceiro mundo exploram a economia mundial continua a explorar e ter impacto sobre os produtores dos países do Sulo "dominocentrismo' tem óbvias limitações não só cai na armadilha do miserabilismo (o povo é submetido a opressão de que é o sujeito), mas também impede cada pesquisa inovadora, contentando-se com uma descida nas formas de constrição, e depredação de que são vítimas as massas populares do Terceiro Mundo
1 Outubro: Africanistica
O acúmulo da crise das economias africanas e dos estados africanos não tem feito que reforçar o peso da "ajuda ao desenvolvimento" e dos "projetos de desenvolvimento" dos pequenos ou grandes, promotores (Onu, cooperativas nacionais, ONG) Não há mais aldeia ou bairro do mundo que não atende às "ações de mudança" ou, em outras palavras, intervenções externas num determinado ambiente gerado pelo estado, o por militantes, ou por operadores privados, na tentativa de transformar, mobilizando, com os comportamentos dos operadores no ambiente.
Africa
A África apareceu, desde então, como um reservatório de costumes, religiões e tradições que necessitava da compilação dum inventário. No plano do conhecimento, esta abordagem tem produzido numerosas obras de grande interesse. Nasce a antropologia africanista. As colônias francesas serviram-se dos etnólogos como "peritos". O "conhecimento do ambiente social", foiojectivo dos administradores coloniais. Acreditava-se que as pesquisas que esses faziam fossem amplamente suficientes para sustentar a sua política administrativa. Eles, por outro lado, não toleravam qualquer consultoria externa. Ao contrário, eram muito poucos os administradores coloniais que se entregavam à etnologia.
Conhecer o Ambiente social
era portanto uma das obrigações dos administradores coloniais alguns dedicaram-se ao estudo antropológico
Evolucionismo
Morgan, Marx, Comte, Tylor: por eles todas as sociedades estão num único eixo de desenvolvimento
Relativismo cultural
Boas, Benedict Ruth, Margareth Mead: segundo eles cada cultura deve ser estudada na seu campo específico
Consequencias desses movimentos em Africa
Todos os povos africanos eram considerados primitivos e irracionais. A Africa deixa de ser primitiva descobrem-se na cultura africana formas especificas de racionalidade
Levy Bruhl
mentalidade pre-lógica os povos primitivos possuem uma certa lógica mesmo se arcaica
Marcel Griaule
O sistema de pensamento africano é cosmogonico com construções simbólicas complexas. As sociedades africanas possuem valores específicos contrapostos ao racionalismo ocidental. É necessário atacar os preconceitos etnocéntricos ocidentais.
Marcel Mauss e Emile Durkheim
holismo = o facto social é total
a sociedade é o resultado total de todas as suas componentes
a sociedade como feitiço sobrenatural não sujeito à mudançaNasce a Africanistica
A escola africanistica desenvolveu-se ao redor de Griaule - tem concentrado todos os seus esforços para o estudo dos fenómenos religiosos, rituais e sistemas simbólicos a coerência dos valores e construção míticas "autóctones", e colocando de lado as mudanças históricas e a interação entre factos religiosos e eventos sociais
Barth, 1969
agora sabemos que a etnia é um construto social e a identidade étnica é relativa e negociada, a referência étnica não é exclusivamente o sonho de um administrador colonial ou o golpe de um etnólogo. Grupos étnicos distintos em etnias não dependem da ausência de mobilidade, de contacto e informação, não implicam processos de exclusão social e de integração são mantidos apesar das mudanças da participação e adesão no curso de cada história de vida. As etnias - resistem mesmo quando os membros se movem além-fronteiras ou compartilham uma identidade com as pessoas em mais de um grupo
Campo da antropologia do desenvolvimento 24 setembro
O campo de pesquisa da antropologia do desenvolvimento são os processos e os fenômenos sociais associados nos países do Sul, ao
desenvolvimento,políticas de desenvolvimento,
acções de desenvolvimento,
desenvolver dispositivos,
desenvolvimento de projectos
Isso não tem nada a ver com a," filosofia, ideologia, ou especulações políticas, mas o campo resulta, a partir do levantamento de dados na pesquisa do campo,
Def: antropologia do desenvolvimento
Estudo da dinâmica local, e dos processos endógenos ou processos "informais" de mudança Estudo empírico e multi-dimensional dos grupos sociais contemporâneos e das suas interações, numa perspectiva diacrônica e através da análise conjunta de práticas e de representações
Que tipo de antropologia?
"Antropologia" não significa, neste caso, a chamada ciência da sociedade 'primitiva' ou 'simples' (o que poderia ser o velho significado de "etnologia" ),
mas evoca ao invés uma abordagem de campo em termos comparativos das sociedades humanas: uma abordagem e intensa e trasversal do facto social.O populismo metodologico
O contexto de dominação e desigualdade em que participam dos processos de desenvolvimento evidencia ideologias, do tipo "populista", no que se refere ao desenvolvimento dos operadores,dos pesquisadores. A socioantropologia do desenvolvimento deve quebrar, para produzir conhecimento confiável, com o "populismo" ideológico para uma "populismo metodológico ".
os benfeitores
são "elites" que desejam ajudar as pessoas (os camponeses, as mulheres, os pobres, os refugiados, os desempregados ... )
A fim de melhorar as suas condições de vida, que querem por-se ao seu serviço, agir para seu próprio bemDef de desenvolvimento
como um conjunto de processos sociais induzido por operações de transformação de um ambiente social, realizadas por meio de instituições ou de atores externos a este ambiente, Que, no entanto, empenham-se para mobilizá-lo rapidamente , por meio de recursos e de técnicas e de conhecimentos
Não é uma entidade cuja existência (ou inexistência) deve ser procurada nos povos envolvidos no propcesso.
há desenvolvimento porque existem atores e instituições que assumem o desenvolvimento dos povos e dedicam tempo, dinheiro e competências profissionaisdef de "Configuração para o desenvolvimento",
é o mundo dos especialistas, burocratas, dirigentes de ONGS, pesquisadores, técnicos, líderes de projetos e agentes no campo e que vivem, o desenvolvimento alheio, e para esta finalidade mobilizam ou gerem um número considerável de recursos materiais e simbólicos
Não nos interessa se o "crescimento e desenvolvimento", é 'verdadeiro' ou, se o desenvolvimento é uma utopia, um bem, o um mal se funciona ou não",se é positivo ou negativo, interessado ou desinteressado, se é um ideal o uma catástrofe
mas, antes de tudo, como um objecto de estudo.tarefa do antropologo
não deve como o jornalista informar o mundo acerca dos pensamentos e considerações que o desenvolvimento inspira, mas maximizar a observação
(e, por isso, dominar as ferramentas conceituais e metodologia que tornam relevante) e minimizar os pressupostos ideológicos e os preconceitos das categorias.Perante a actual crise que assola as economias africanas devastadas e os aparelhos de estado em decadência, os moralistas abundam Tarefa do antropologo não é tanto de dar bons conselhos ou o dar novas ideias, mas contribuir à compreensão dos mecanismos em acção e a análise dos processos sociais em jogo
def. de campo
Disciplinas auxiliares
A antropologia económica se preocupa com as relações de produção, os modos de produção, pequena produção comercial e o comércio informal.
A antropologia política analisa o poder local, os sistemas da clientela, as formas de representação políticaO acúmulo da crise das economias africanas e dos estados africanos não tem feito que reforçar o peso da "ajuda ao desenvolvimento" e dos "projetos de desenvolvimento" dos pequenos ou grandes, promotores (Onu, cooperativas nacionais, ONG) Não há mais aldeia ou bairro do mundo que não atende às "ações de mudança" ou, em outras palavras, intervenções externas num determinado ambiente gerado pelo estado, o por militantes, ou por operadores privados, na tentativa de transformar, mobilizando, com os comportamentos dos operadores no ambiente.
Africa a caminho da vida?
A África apareceu, desde então, como um reservatório de costumes, religiões e tradições que necessitava da compilação dum inventário. No plano do conhecimento, esta abordagem tem produzido numerosas obras de grande interesse. Nasce a antropologia africanista
antropologia colonial
As colônias francesa serviram-se dos etnólogos como "peritos". O "conhecimento do ambiente social", foi parte das especificações dos administradores coloniais. Acreditava-se que as pesquisas que esses faziam fossem amplamente suficientes para sustentar a sua política administrativa. Eles, por outro lado, não toleravam qualquer consultoria externa. Ao contrário, eram muito poucos os administradores coloniais que se entregavam à etnologia
Refiro-me à globalização. ao emergir das culturas mundiais, muitas vezes não damos uma relevante importância à alteridade hoje o discurso do desenvolvimento resulta problemático porque não se põe atenção ao facto que temos dar conta dos recursos que são limitados com um contínua desagregação ambiental
Parece que torna-se sempre mais a cultura dominante em todo o planeta. As outras culturas que sempre nos deram resultados importantíssimos para o desenvolvimento da humanidade baseavam-se nas raízes específicas da cultura dessas civilizações
TRATA-SE de um ramo da antropologia aplicada, a antropologia do desenvolvimento, cresceu consideravelmente nos últimos quinze anos, especialmente
na Europa e na América do Norte
Os antropólogos tem descoberto “o desenvolvimento” tanto como campo de pesquisa bem como de atuação e de trabalho aumentou a disposição de muitos antropólogos
para trabalhar para órgãos governamentais, como US-AID, antes considerados instrumentos do establishment e do Big Brother
Havia países com grandes tradições de antropologia aplicada de cunho indigenista, como o caso do México, enquanto havia outros, em que a atuação antropológica estava
emperrada pelo controle de regimes militares muitos antropólogos perceberam a necessidade heurística de se especializar em problemas de políticas de desenvolvimento, depois de descobrirem que estas criam realidades sócio-culturais bem especiais impactos sócio-culturais de políticas de desenvolvimento, particularmente de cunho assistencialista, e com a dimensão moral subjacente destas políticas, que favorecem objetivos estratégicos e políticos, em vez de humanitários denunciaram a falta de consideração dos aspectos sócio-culturais em muitos projetos e programas, pode ser observada particularmente
nos países latinoamericanos e em vários países africanos
Quando se fala de antropologia e desenvolvimento, o primeiro problema é este mesmo conceito que depende da palavra “desenvolvimento”, muitas vezes tem sido associada com a “política desenvolvimentista” e assim tendo conotações muito negativas.
Na Europa, pelo contrário, o termo, por muito tempo, tinha várias conotações positivas, sendo associado com programas de apoio a famintos ou refugiados de guerra, com apoio técnico ou financeiro para regiões pob
O conceito do desenvolvimento e os resultados da política de desenvolvimento só começaram a ser questionados a partir dos anos 70, primeiro pela esquerda, ambientalistas e por alguns cientistas sociais. Até surgiram propostas de substitui-lo pelo conceito da transformação, imitando a aplicação do conceito dos países em transformação para os países ex-comunistas.
Atualmente, há um grande número de profissionais que declaram estar empenhados em questões de política de desenvolvimento e que se autodefinem “antropólogos do desenvolvimento”. Existem institutos especializados em antropologia do desenvolvimento, por exemplo, nos Estados Unidos (Institute for Development Anthropology,
IDA, em Boston) ou na Grã-Bretanha (Center for Development Studies em Swansea, Wales, ou Institute of Development Studies em Brighton, Inglaterra).
(Association euro-africaine pour l'anthropologie du changement social et du développement) que reúne, principalmente, antropólogos da França e dos países da África francófona.
As reações ao surgimento deste ramo da disciplina, até agora, têm sido muito diferentes. Vão das mais positivas de aprovação e apoio prático até à rejeição completa, alegando que cada aproximação aos órgãos de desenvolvimento seja o “Pecado Original” da antropologia muitos cientistas sociais admitem que as contribuições dos antropólogos seriam essenciais para o planeamento, a implantação e a avaliação de projetos e programas do Banco Mundial, o órgão de desenvolvimento que emprega
o maior número de antropólogos e sociólogos, comprovam este ponto de vista
Apenas o termo “antropologia do desenvolvimento” existe há pouco mais de 25 anos. Pouco tempo depois da criação de órgãos e programas de desenvolvimento em vários
países na época pós-guerra dos anos 40 e 50, alguns antropólogos começaram a pesquisar os impactos de certos programas e projetos ou participaram deles
Na Grã-Bretanha e na Holanda, pelo contrário, é possível traçar linhas históricas que remontam ao envolvimento da antropologia aplicada na política colonial
Na América Latina, as tradições das antropologias indigenistas são marcadas, entre outras coisas, por várias orientações que dizem
respeito ao “desenvolvimento” dos povos indígenas representam objetivos emancipatórios, promovendo a articulação de visões de futuro pelos próprios indígenas,
como manifestado no conceito do etnodesenvolvimento Como definir este ramo da antropologia face às outras “aplicações” da disciplina?