Qual ‘é o maneira operativa ? problematizando procedimentos usuais na pesquisa antropológica, ou acrescentando sugestões, e aprendendo mais acerca da escrita etnográfica e tradução da cultura.

Qual’è a ética no campo das ciências sociais? De um lado, estão as especificidades da antropologia enquanto disciplina que, a partir de uma longa tradição em pesquisa, desenvolveu uma série de métodos de conhecimento aonde a etnografia assume centralidade, requerendo uma sensibilidade específica que vai além de sua apropriação metodológica.

Tal sensibilidade define a etnografia não como um método e muito menos por seus objetos ou universos de estudo, mas como uma espécie de “teoria em ação” (Peirano, 2009).

Na etnografia, as categorias e práticas da experiência quotidiana ganham destaque a partir do confronto provocado por um estranhamento que se vive durante o trabalho de campo.

Esse modelo etnográfico requere elasticidade e capacidade de ultrapassar os modelos rígidos de procedimentos.

Desde 1990 há um debate internacional, feito sob a a urgência de dar respostas aos desafios  do campo biomédico, que porem não é valido por todas as disciplinas das ciências humanas.

A especificidade da Ética e Deontologia na Pesquisa Antropológica abrange as peculiaridades das pesquisas em ciências sociais e, em especial, da antropologia.

Como devem ser dirigidas as praticas  dos pesquisadores?, As técnicas de envolvimento dos informantes segundo os princípios da ética e como regular os métodos de pesquisas?

Linhas fundamentais sobre a ética na pesquisa antropológica. 

A regulamentação da pesquisa antropológica depende dos órgãos estatais que de certa forma nos regulam, mas também dos próprios informantes no trabalho de campo, da diretora da escola onde queremos entrevistar os estudantes, do jornal que exige a publicação dos nossos resultados de pesquisa.

Como e sob que circunstâncias devemos fazer pesquisa?,

Como é que devemos divulgar os nossos trabalhos?

Isso engloba princípios éticos inquestionáveis que abrangem pesquisados e pesquisadores.

É possível afirmar que, embora a ética tenha estado sempre presente na pesquisa antropológica, o debate em torno da oficialização de sua regulamentação ainda carece de sólidas reflexões.

Não faltam acontecimentos críticos, no entanto, que provocaram reações dos antropólogos no tocante à questão ética.

Lembramos a carta de Franz Boas, endereçada ao editor do jornal The Nation, em 1919 – aonde denunciava o uso da antropologia para fins de espionagem de guerra –, foi um dos principais marcadores do debate em torno da ética numa época onde os antropólogos corriam a busca da “verdade científica”.

A denúncia de Boas não foi aceite pela Associação Americana de Antropologia, porque não representava as opiniões formais da instituição, e dessa forma, perdeu-se a fundamentação teórica sobre os limites éticos do método antropológico, das suas condições, dos seus objectivos e modos de actuação.

Posteriormente, em 1980, os antropólogos americanos foram desafiados pelas pesquisas, no campo da biomedicina. A reacção dos antropólogos, obrigou a reformular

A carta de Boas é um instrumento que provoca de reflexões acerca dos desafios antropológicos em torno da ética que poderiam ser

resumido em três pontos:

a) o antropólogo não poderia se envolver sexualmente com seus informantes;

b) o antropólogo deveria respeitar seus informantes e defender os seus interesses, agindo como um mediador entre eles e a sociedade nacional;

c) o antropólogo teria um compromisso com a verdade científica.

A complexidade dos objetos e temas de estudo na área antropológica, as transformações no campo das pesquisas antropológicas requerem um código de ética para a antropologia angolana, que ainda não foi produzido e a reconfiguração da própria vocação antropológica

A aceitação dos novos desafios de pesquisa nos contextos urbanos angolanos, tais como

Tais problemáticas dizem respeito ao cruzamento entre as condições contemporâneas de

pesquisa e o próprio futuro da antropologia. Devem ser incrementados os estudos bibliográficos e documentais no campo da antropologia, mas não em detrimento das etnografias.

Será que há mesmo falta de ética?

Valores universais e não universais
Compromissos com valores imutáveis e permanentes
Natureza humana: uni(d)iversidade
Valores morais e valores culturais
Pressão Externas e Pressão Interna Opção de consciência, princípios e valores Hábitos e Costumes (Interesses e/ou vontades?)

Ética e Deontologia da Profissão

Ética: compromisso com valores duradouros
Deontologia fixa os deveres e responsabilidades requeridos por um determinado ambiente profissional e pode reflectir evolução e novas prioridades Código de conduta profissional

A ética e deontologia de uma profissão constitui em conjunto o seu código de conduta profissional
Para garantia e segurança da sociedade e defesa dos próprios profissionais face a exigências e prepotênciasa que possam ser sujeitos
Um código de conduta profissional é um componente essencial indespensávelpara o exercício livre e responsável de qualquer profissão digna de “confiança pública”

Por quê a ética e para quê um código deontológico?

A ética e deontologia profissional têm vindo a merecer crescente atenção nos últimos anos, embora nem sempre por motivos estritamente éticos.
A ética não éuma opção, mas uma necessidade. Ninguém pode viver sem uma normativa ética.
A ética, mais do que condenar, promove; a ética permite-nos atingir metas que de outra maneira ficariam distantes.

Os mais recentes acontecimentos têm vindo a mostrar que cada vez mais, como diz o povo, “quem se mete em atalhos mete-se em trabalhos”, Os “atalhos”em ética pagam-se quase sempre muito caro, com custos e perdas, tangíveis e intangíveis.
Seria um grave erro pensar que, em especial no mundo dos negócios e do exercício profissional, a ética está a mais.

Códigos de conduta: exigênciase recomendações

Esquecemo-nos muitas vezes que um dos objectivos dos códigos de conduta éauto-regular a própria actividade, antes que a legislação laboral o faça por nós. Mais: devemos partir do convencimento de que os usos corruptos acabam por viciar a vida de qualquer organização: a corrupção éque corrompe, não o dinheiro ou o poder

Para um melhor enquadramento do exercício da profissão

Ética e Economia de mercado
Sistema económico, sistema político e sistema ético-cultural
Lei/Liberdade
Progresso/Tradição
“Inteligentes”/“Espertinhos”
Valores e Fins
Factos e Valorações

Precisões teóricas

1. Ética: diz respeito, antes de mais, à relação comigo mesmo
2. Ética dos”mínimos”e ética dos “máximos”
3. Ética da “primeira pessoa”e ética da “terceira pessoa”

Pilares para um edifício ético

A ética profissional não éuma ética distinta da ética geral.
O sujeito da ética éa pessoa, não a associação ou a empresa.
Éuma ciência prática: não se estuda para saber, mas para actuar. Éuma ciência normativa: não diz como actua a maioria -isso seria sociologia -, mas como deveríamos actuar.
A ética é uma ciência teórica de carácter normativo, como a lógica, ainda que esta se dirija àrazão e a ética à vontade.

Não se deve confundir, por isso, a moralcom a moralidade.
A ética nem sempre coincide com a legalidade.
Os comportamentos éticos devem nascer de convicções internas, quer estas sejam de natureza transcendente, quer de raiz humanista.
A ética éalgo para ser vivido todos os dias, não um remédio ou uma solução para quando surge um problema ou um conflito.

Para uma ética bem aplicada

1. Como as pessoas boas tomam decisões difíceis
2. Juízos e decisões
3. Liberdade e Bem

Valor e limites dos códigos

A temática dos códigos de ética deve servir para mostrar que a ética não é a fria aplicação de normas.
A ciência ética não se deve fixar nas “muletas”, deve centrar-se antes no dever serpróprio da pessoa livre e consciente.
Mais do que as “determinações”, o essencial da ética é a “auto-determinação”.
As “muletas” do dever serpodem até ser vistas como estruturas do bem, mas não são o Bem.
“ O mapa não é o território e o menu não é a comida” (RonaldLaing)

Ética: um valor com ou sem preço?

Quanto vale a ética? Quanto custa?
É um luxo a que (não) nos podemos permitir?
A ética paga? A ética dá dinheiro?
A ética conta... e conta cada vez mais.
A honradez é a melhor política!

Em suma, o código de conduta -como toda a norma -representa um ideal de comportamento, mas o comportamento real não reside na norma, mas na virtude.
Para o código, basta uma aprendizagem teórica, mas a virtude requer uma aprendizagem prática: a virtude adquire-se.
As normas têm sentido na medida em que facilitam a aquisição de virtudes, ao assinalar o que se deve fazer e o que convém evitar.

A simples implantação de um código de comportamento não assegura que se apreciem e se pratiquem os valores e normas que nele se estabelecem. O código de conduta éalgo que se pode aprender, enquanto a rectidão moral e a competência profissional se adquirem com esforço, dentro de uma comunidade de aprendizagem e graças a contínuos exercícios de ensaio e erro, de equívocos e melhorias

• Deontologia (do grego δ?ον. deon"dever, obrigação" + λ?γος, logos, "ciência")

• na filosofia contemporânea, é uma das teorias normativas segundo a qual as escolhas são moralmente necessárias, proibidas ou permitidas

• Portanto inclui-se entre as teorias morais que orientam nossas escolhas sobre o que deve ser feito • O termo foi introduzido em 1834 , por Jeremy Bentham , para referir-se ao ramo da ética cujo objeto de estudo são os fundamentos do dever e as normas morais

• É conhecida também sob o nome de "Teoria do Dever". É um dos dois ramos principais da Ética Normativa , juntamente com a axiologia Pode-se falar, também, de uma deontologia trata-se de uma ética não normativa, mas sim descritiva e inclusive prescritiva. Tal é o caso da chamada "Deontologia Profissional" A deontologia também se refere ao conjunto de princípios e regras de conduta — os deveres — inerentes a uma determinada profissão. Assim, cada profissional está sujeita a uma deontologia própria a regular o exercício de sua profissão, conforme o Código de Ética da sua categoria Neste caso, é o conjunto codificado das obrigações impostas aos profissionais de uma determinada área, no exercício de sua profissão. São normas estabelecidas pelos próprios profissionais, tendo em vista não exatamente a qualidade moral mas a correção de suas intenções e ações, em relação a direitos, deveres ou princípios, nas relações entre a profissão e a sociedade Quem realiza pesquisas nas áreas de antropologia deve ser consciente da natureza e dos limites das suas competências, e, por esse motivo, é obrigado a utilizar apenas os métodos e as técnicas para as quais tem uma adequada preparação
e experiência prática, constantemente a atualização sobre as teorias e técnicas relacionadas com a sua
própria especialização

• Em pesquisa com pessoas ou animais, em que é possível hipotizar um potencial dano e/ou psicológico fisico deve ser incluído ou consultado, grupo de pesquisa, de peritos de investigação, para evitar riscos actuais ou previsíveis para o bem-estar físico e psicologico dos participantes, sejam eles pessoas ou animais
Investigadores devem estar cientes de que poderiam encontrar problemas éticos em cada passo e envidar todos os esforços para identificar antecipadamente potenciais conflitos e , tanto na preparação e no desenvolvimento do projeto, fornecendo em cada pesquisa um plano ad hoc
• Os Antropólogos devem considerar seriamente a possibilidade de atender ao pedido razoável para promover pesquisa, de ter acesso aos seus dados e a outros materiais de pesquisa. A Prioridade é fazer todos os esforços para garantir a preservação de seus dados recolhidos e colocados à disposição das futuras gerações.

• Que realiza pesquisas nas áreas de antropologia deve ser consciente da natureza e dos limites de suas competências, e, por esse motivo, é obrigado a utilizar apenas os métodos e as técnicas para as quais tem uma adequada preparaçãoe experiência prática, constantemente a atualização sobre as teorias e técnicas relacionadas com a sua própria especialização,