2017

UNIDADE 1 Teorias

 

1 Estrutura geral das teorias.

2 Explicar e justificar

3 Assimetrias e suas consequências no novo método

4 Antologia

 

UNIDADE 2 Explicação e previsão

5 Modelo determinístico

6 Modelo probabilístico

7 Probabilidade  epistémica

8 Probabilidade ôntica      

 

UNIDADE 3 Justificação

15 Neopositivismo

16 Falsificacionismo de Popper.

17 Epistemologia poperiana

18 Epistemologia contemporânea

 

UNIDADE 4 A dinâmica da ciência

20 Realismo científico.

21 A teoria da Verossemelhança de Popper.

22 Realidade não observável

23 Antologia

 

UNIDADE 5 Explicação e compreensão

25 O debate do 1800.

26 Positivismo.

27 Historicismo.

28 Neo-positivismo

29 Wittgenstein

 

Introdução

Antropologia física

Há 1000 mil anos os homens eram selvagens comiam
animais, peixes, e prantas —eram caçadores e colectores. Nunca se fixavam num único lugar por um período de tempo, mas migravam dum lugar ao outro ao longo do ano caçava animais e pescava recolhendo plantas

perguntas

responde à estas perguntas:
o que éramos no passado?
o que somos agora?
o que seremos no futuro

Estudo das etnias humanas

Etimologia (da palavra Grega):
anthropos “homem”
Logos “estudo do”
O estudo da HUMANIDADE.
O campo de pesquisa é a cultura humana e a sua mudança genética, biológica, cultural, material, organizacional, geográfica, linguística, religiosa, etc.

Arqueologia

estuda as sociedades do passado
as suas culturas materiais
os objectos
os achados
os lugares onde os povos viviam

Antropologia linguística

Estudo das línguas
sobretudo como a linguagem é estruturada
a evolução da linguagem
os contextos socioculturais da linguagem

Antropologia física ou biológica

é o estudo da evolução do homem e das mudanças que sofreu no passado até o presente

Etnologia

Etnólogos
Etnógrafos
Observação Participante é a técnica de estudar a cultura popular com a participação directa na vida de cada dia em todos os momentos mais importantes
O principio fundamental é a Perspectiva Holística que considera o objecto num contexto amplo, para poder perceber todas as suas particularidades.

Antropologia Cultural

Estudo dos aspectos da cultura humana.
“as sociedades antigas” – “sociedades modernas”
Etnografia grava e descreve a vida realidades e fenómenos que ainda existem: religião, ritual, mito, uso dos símbolos, estratégias de sobrevivência, tecnologia, género, praticas educativas, dieta, tabu, praticas medicas, casamento, etc.
artefactos objectos ou materiais modificados e usados pelo homem, e.g. pedras usadas como instrumentos
cultura Material manifestações materiais da actividade humana: utensílios, artes, estruturas, achados arqueológicos (fosseis, ruínas, etc.)

Bronislaw Malinowski
(1884 – 1942)

o povo tem necessidades biológicas e psicológicas a função das instituições sociais é aquela de satisfazer a essas necessidade.
A Cultura responde a:
1. necessidades biológicas (produção e reprodução)
2. necessidades instrumentais (leis, educação, etc.)
3. necessidades secundarias (religião, arte, etc.)

Antropologia aplicada

Etnologia
antropologia urbana
antropologia médica
antropologia económica
Antropologia forense

4 ramos da Antropologia

Antropologia cultural: estuda a vida do povo, os grupos étnicos
Arqueologia: o comportamento do homem antigo a partir dos achados
linguística
Antropologia física: estuda a evolução e a mudança


A ÁFRICA E A SUA DESIGNACÃO

para os gregos


Para os Gregos, África era a Líbia. Depois, a parte qualificou o todo e o todo tornou-se uma parte. A Líbia ficou a denominar somente uma parte do rebordo setentrional do continente negro

para os romanos

África designava o território correspondente mais ou menos à Tunísia de hoje, região que os Árabes apelidavam de lfrikiya. Ao território compreendido entre a margem esquerda do Nilo e o Oceano Atlântico chamavam estes Maghreb

Afri


em 146 a. C., Roma tomou e destruiu Cartago, criou em derredor dela a Província África, a província dos Afri (plural de Afer), como chamavam os Romanos aos indígenas da região. Afer teria sido, segundo alguns, neto de Abraão e filho ou companheiro do Hércules Líbico

Ifrikiya


lfrikiya viria de faraka> termo que significa «separou». Sobre este étimo duas opiniões existem: uma que se baseia no facto de este continente estar separado da Europa e de uma parte da Asia pelo Mediterrâneo; outra que faz derivar a palavra de Ifricôs, rei da Arábia Feliz (Iémen),

Bergier


Bergier, contudo, propõe que, a derivar África de afer «(roxo», «queimado,,). a sua raiz será phar, far, que serviu de base à formação do chafar (ruborizar-se», «envergonhar-se,)  

É difícil averiguar quem tem razão, ou melhor, quem tem mais razão. De todas estas etimologias nos podemos socorrer para tentarmos explicar a origem da palavra.

Restos Africanos

 

As primeira pegadas humanas

As primeiras pegadas de hominídeos foram descobertas em Laetoli, há 4 miliões de anos: são os primeiros africanos em absoluto.
Na Tanzânia começa a cultura Olduvense. As pegadas à esquerda foram feias por um indivíduo, enquanto aquelas à direita parecem ter sido feitas por dois indivíduos

 

Hominídeos

É um termo coloquial que indica os membros de um grupo evolutivo que inclui seres humanos modernos e parentes bípedes extintos

Trata-se de Antropologia Física

antropologia Física, ou biológica, é uma disciplina científica preocupada com o biológico e com as características comportamentais dos seres humanos, bem como as dos nossos parentes mais próximos, e que não eram humanos

espécie

espécie um grupo de organismos que podem interagir para produzir descendentes férteis. Os membros de uma espécie são reprodutivamente isolados dos membros de todas as outras espécies férteis

Os interrogativos desta disciplina

1 - Queremos saber de que forma um insignificante, mas inteligentes primatas bípedes tais como o Australopithecus afarensis, ou talvez um parente próximo, deu origem a uma espécie que, mais tarde ou mais cedo, iria caminhar sobre a superfície da lua, alguns 230.000 km da terra

2 - Como é que o Homo sapiens, um resultado da mesma forças evolutivas que produziu todas as outras formas de vida sobre este planeta, ganha o poder de controlar o fluxo dos rios e até mesmo alterar o clima em escala global?

3 - Como foram capazes os animais tropicais, de deixar os trópicos e, provavelmente, ocuparem a maior parte da superfície emersa da terra?

Estas são algumas das muitas perguntas que os antropólogos físicos tentam de responder através do estudo da evolução humana, da variação e da adaptação. Estas questões e muitas outras, são abordadas neste curso, porque antropologia física é, em grande parte, biologia humana vista de uma perspectiva evolutiva.

Termos específicos

Bípede = com os dois pés; que caminha habitualmente nas duas pernas.
Primatas = membros da ordem dos mamíferos Primatas, como lêmures, macacos, chimpanzés e seres humanos
Evolução = mudança na estrutura genética de uma população. O termo também é frequentemente utilizado para referir-se ao aparecimento de uma nova espécie

Recorde-se que
Charles Darwin (1809-1882) publicou em 1859 A origem das espécies e em 1871 The descent of man, obra esta em que o autor assume, igualmente, o processo evolutivo
humano mas quando chegamos ao século XXI, entre muitos outros, o puzzle da humanidade encontra-se inacabado. Concomitantemente, persiste a resistência à aceitação de fósseis como testemunhas de formas de vida passadas: fala-se portanto de adaptação

Adaptação

Adaptação anatômica, fisiológica, ou seja a resposta comportamental dos organismos ou das populações ao meio ambiente. As Adaptações resultam de mudanças evolutivas (especificamente, como um resultado da seleção natural)

Adaptação genética

A genética é o estudo da estrutura dos genes e da acção e dos padrões da herança de caracteres dos pais para filhos. Mecanismos genéticos são a base da mudança evolutiva

Ao longo do tempo, algumas alterações genéticas nas populações resultaram no surgimento de uma nova espécie, especialmente quando as populações eram isoladas uma da outra.

A Mudança a este nível é chamada macroevolução. No outro nível, há alterações genéticas dentro das populações; esse tipo de mudança pode não levar à especiação, não é causa da diferenciação das populações de uma espécie a outra. A Evolução a este nível é referida como microevolução.

A  maior parte do nosso DNA é estruturalmente idêntico àquele de outros seres vivos. De fato, compartilhamos genes que estão implicados na maior parte dos processos vitais dos outros animais, ex. as esponjas. Esses genes modificaram-se muito pouco ao longo do curso de cem milhões de anos de evolução

As nossas células têm a mesma estrutura e percorrem o mesmo caminho de todas as outras formas de vida, com poucas exceções.

 
Anatomicamente, temos os mesmos músculos e ossos de muitos outros animais.

Comportamento

o comportamento = qualquer organismos reage a ação de estímulos externos; a resposta de um indivíduo, grupo, ou espécie ao seu ambiente.

Tais respostas podem não ser deliberadas, não são necessariamente o resultado de uma decisão consciente.

Nós  seres humanos somos contemporaneamente componentes do amplo continuum biológico num determinado ponto de tempo; e por isso não somos realmente diferentes de todo os outros.

Continuum

Um jogo de relações iguais a todos os componentes ao longo de um singulo espectro integrado (por exemplo, cor). Toda a vida reflete um certo continuum biológico

únicos

No entanto, os seres humanos são verdadeiramente únicos em uma dimensão significativa, e que é intelecto. Somos a única espécie a desenvolver linguagem e cultura complexa como um expressão de situações que mudaram ao longo do tempo na natureza

Os paradigmas evolutivos recentes podem modificar a interpretação do que é considerado ser 'conservação ambiental'. Esses incluem: extenso phenotype, tempo evolutivo, conceitos de Gaia, symbiogenesis, e finalmente, síntese evolutiva extensa

O pensamento atual aplicado à política ambiental pode ser reformulado com respeito a paradigmas evolutivos recentes. A humanidade está na altura de usar o seu sistema cognitivo (a ‘Quarta Dimensão da Evolução', reconhecida como sendo significativamente influente na espécie humana) construir um equilíbrio que considera

a) o risco da ocorrência de desvantagens adaptáveis absorbidas pela espécie humana face à modificações ambientais drásticas;

b) a gerência científica dos componentes que mantêm o equilíbrio hemostático;

c) a manutenção do bioma natural de outras espécies que merecem por si o respeito do gênero humano e ter acesso a recursos evolutivos,

d) a continuação do desenvolvimento de tecnologias que melhoram a vida das pessoas e o reconhecimento legislativo explícito que este continuum gerado faz parte da evolução humana

Em termos práticos, as leis de conservação devem considerar: os

a) que os objetivos da preservação de ambientes naturais como ambientes distintos daqueles que o ser humano construiu, e

b) reconhecer o direito dos seres humanos de continuar a promover a domesticação de paisagens.


Enquanto que a Pré-História europeia é relativamente bem conhecida, a da África vive ainda no domínio das hipóteses. Entre outras, várias causas têm no continente africano dificultado as investigações: o clima, o isolamento, a estratigrafia geralmente defeituosa, a erosão intensa, fazendo aflorar à superfície as indústrias líticas, a lixiviação torrencial, deslocando, soterrando ou desnudando os objectos, o incompleto conhecimento dos solos, tudo isso torna difícil precisar a evolução das culturas pré-históricas africanas.

A afirmação que os seres humanos são uma parte de continuum não quer dizer que estamos no pico de desenvolvimento deste. Não  necessariamente ocupamos uma posição de inerente superioridade respeito a uma outra espécie.

Muitos nossos comportamentos são parecidos àqueles de outros animais de espécie não-humana, especialmente a outros primatas.

Def.  de cultura

Cultura é o conjunto de aspectos comportamentais do ser humano adaptação, tecnologia, tradições, língua, religião, modelos de matrimônio, e papéis sociais. A cultura é um jogo de comportamentos eruditos transmitidos de uma geração à seguinte através de meios não-biológicos (isto é, não-genéticos)

Paradigma

A ciência é a constelação de fatos e teorias métodos. Os mitos são produzidos da mesma forma dos métodos e apoiam no mesmo tipo de razões científicas, porque a ciência incorporou o mito. Isto é porque os primeiros estádios de desenvolvimento na maioria das ciências foram caracterizados por uma contínua competição entre diferentes concepções da natureza.

Na verdade, as teorias fora de moda não são em princípio sem valor científico, pelo simples fato de que eles foram abandonados (Kuhn, 1962, p. 25) a invenção de novas teorias faz nascer sempre as resistências por parte dos especialistas que têm realizado já com sucesso trabalhos científicos

Def  de paradigma

O paradigma científico como prática científica, reconhecido como válido por leis e modelos e teorias, aplicações e ferramentas provenientes de tradições específicas da investigação científica, com uma consistência:

Ciência normal

A ciência normal provém destes novos paradigmas através do empenho e do consenso da comunidade científica.

Na verdade sem um paradigma pode acontecer que todos os fatos que de alguma forma podem afetar também pareçam relevantes

Para ser aceite como paradigma uma teoria deve parecer melhor do que outras teorias, mas não tem de explicar necessariamente todos os fatos que ela observa e na verdade nunca explica-os todos

Francis Bacon

A verdade surge mais facilmente do erro do que da confusão

Quando são construídas síntese capaz de atrair a mais próxima geração de pesquisadores o antigo desaparece gradualmente. O seu desaparecimento é causado em parte pela conversão de seus membros para o novo paradigma

1. o novo paradigma implica uma nova e mais rigorosa definição de campo
2. o novo paradigma é capaz de orientar o grupo de pesquisa toda
3.  é um modelo ou um padrão aceite

4. permite reproduzir as amostras, cada uma delas poderia ser usada para substituí-lo
5. é o instrumento para uma mais determinação e articulação,
6. O seu sucesso é em princípio uma promessa de sucesso. A ciência normalmente adota o paradigma quando é bem sucedido

A ciência nova depois de aceitar um novo paradigma, tem a tarefa de fazer limpeza uma revisão de todas as teorias reformulando-as, de acordo com as novidades constitutivas do paradigma isso obriga os cientistas a estudar a natureza em detalhes
a levar um novo comportamento

Factos  científicos

o paradigma define o problema a resolver

Cultura def.

 

Conjunto de aspectos comportamentais de adaptação humana, incluindo tecnologia, tradições, língua, religião, casamento, padrões e papéis sociais. Cultura é um conjunto de comportamentos aprendidos transmitidos de uma geração para a outra, não biológicos (ou seja, não genéticos) .

 

Todos  nós

 

Todas as pessoas são produtos da cultura elas são criadas pela cultura, uma vez que a maioria dos comportamentos humanos são aprendidos, segue-se que a maior parte dos comportamentos humanos, percepções, valores, as reações são moldados pela cultura

 

 

Repertos  fosseis

 

(A) Uma pedra lascada ferramenta da África Oriental. Este artefacto representa um dos mais antigos tipos de pedra e de ferramentas encontrados num lugar

mesmo que cultura não seja determinada geneticamente, a predisposição humana para assimilar cultura é em função de fatores biológicos. A maioria dos outros animais, incluindo aves e principalmente primatas, dependem, em graus variados de comportamento aprendido.

A predisposição para a cultura talvez seja a componente mais crítica da história evolutiva humana, é um elemento herdado dos nossos primeiros antepassados. De facto, os nossos ancestrais comuns podem ter tido esta predisposição.

 

Evolução  das espécie

 

espécie é um grupo de organismos que podem interagir para produzir descendentes férteis. Os membros de uma espécie são reprodutivamente isolados dos membros de todas as outras espécies férteis

 

 

 

Antropologia  biologica

 

1 Antropologia Biológica - é o estudo das variações das características físicas e biológicas do homem,

a - nos eixos de espaço e tempo,

b - nas relações morfológicas e

c - no meio (geológico, geográfico e social) e na evolução dessas particularidades

Antropologia pre-histórica

 

2 - é o estudo do homem através dos vestígios materiais enterrados: (ossos e marcas humanas).

 

"O especialista em pré-história recolhe, pessoalmente, objetos do solo. Ele realiza um trabalho de campo, como o realizado na Antropologia Social na qual se beneficia de depoimentos vivos"

 

Antropologia linguística

Antropologia Linguística - é o estudo da diversidade das línguas humanas em três aspectos:

1 etnolinguísticos (como os homens pensam e vivem) - estudo dos textos escritos e orais;
2 etnociência (como os homens interpretam seu próprio saber e saber-fazer).

Hoje, antropólogos físicos se preocupam com a variação humana por causa do seu possível significado adaptativo, porque eles querem identificar os fatores que produziram não só a mudança física visível, mas também a variação genética.

Em outras palavras, muitos traços que caracterizam certas populações evoluíram como adaptações biológicas, ou adaptações ambientais locais, como a luz solar, a altitude ou a doença infecciosa

Modernos estudos da população analisam variação humana, como diferentes grupos respondem fisiologicamente ao estresse do ambiente.  Tais tensões podem incluir uma grande altitude, frio ou calor.

Os antropólogos nutricional estuda as relações entre a dieta e as práticas culturais, a fisiologia, e a saúde doença.  A fertilidade humana, crescimento e desenvolvimento relacionados com o tema da nutrição. O estudo da adaptação das populações humanas modernas, podem fornecer ideias acerca de evolução hominídeos.

PALEOECOLOGIA

Paleoecologia aborda o relacionamento entre o homem e

* o ambiente natural, no curso da sua história,

* o ambiente geológico,


* os animais e

* as plantas.

O  que é a Antropologia Física?

Antropologia física é o estudo da evolução biológica humana e da variação   humana biocultural .

Evolução  biológica

Cada pessoa é um produto da história evolutiva, ou de todas as mudanças biológicas que têm levado a humanidade à sua forma actual. milhões de anos atrás

Mudanças  biológicas

aquilo  que resta do seres parecidos ao homem, ou hominídeos, indicam que os primeiros ancestrais humanos, na África, datam de 6-8 milhões de anos  A partir desse tempo, a aparência física dos hominídeos e dos seus descendentes, incluindo nós, tem mudado drasticamente.

O nosso aspecto físico, a nossa inteligência, e tudo mais que faz de nós seres com organismos biológicos distintos evoluíram, a partir dos nossos predecessores, cujos genes deram origem à espécie que somos hoje. Cada um de nós é o produto da nossa própria história de vida. Desde o momento em que fomos concebidos, as nossas aparências biológicas tem sido determinadas principalmente pelos nossos genes.

Genoma  humano

O genoma humano, ou seja, todo o material genético de uma pessoa inclui alguns 20.000 -25.000 genes. O nosso look é também biológico e depende fortemente do meio ambiente

Hominídeos

São grupo de hominídeos extintos primatas bípedes pertencentes à família Hominidae. Nestes são incluídos todos os seres parecidos aos homens posteriores que chegaram até à separação entre a linha evolutiva que levou para os seres humanos modernos (Homo) e a linha que levou aos chimpanzés (Pan)

Meio  ambiente

"Meio Ambiente" aqui não se refere apenas aos factores como o clima, mas a tudo o que tem afectado as actividades físicas (que têm provocado stress nos seus músculos e ossos), o alimento que se tem comido, e muitos outros factores que afectam a saúde geral e o bem-estar. O Meio Ambiente também inclui factores sociais e culturais. Um ambiente social menos favorecidas,  pode resultar em consequências negativas, tais como falta de saúde, diminuição da estatura, e reduzida expectativa de vida.

Primatas

Primatas são um grupo de mamíferos da ordem dos primatas que têm comportamentos complexos, variadas formas de locomoção, e um único conjunto de características, incluindo os grandes cérebros, atrás dos olhos, dedos, rosto

Antropólogos  culturais

Praticam a etnografia e antropologia estudam as culturas passadas e presentes observando descrevendo e sintetizando

Arqueólogos

São cientistas que estudam a a cultura material do passado nos restos  deixados pelas populações que viviam naquele lugar cfr Erverdosa

Antropólogos  Físicos

cientistas que estudam a evolução e as variação dos seres humanos, costumam viajar em todo o mundo para investigar populações.

Quem  são os antropólogos físicos?

Alguns antropólogos físicos estudam pessoas vivas, enquanto que outros estudam pessoas já extintas e espécies vivas biológica mais próxima de nossos parentes primatas, como lêmures, macacos e símios. Há antropólogos físicos que viajam para colecções de museus e localidades de estudo arqueológico das sociedades passadas.

Questões

Quem somos nós uma espécie? O que significa ser humano? De onde viemos? Quais são as conclusões de nossos estudos que vão ajudar a melhorar a condição humana? Antropologia Física aborda as questões que são centrais para a nossa sociedade, muitas vezes envolvendo as circunstâncias que todos nós queríamos que nunca tivessem chegado. Os Seres humanos são diferentes dos outros animais. A origem dos primeiros elementos da humanidade é cerca de 6 ma, o período em  que um certo primaz começou a andar com os dois pés é cerca de 10.000 anos atrás. Isto aconteceu quando o climas e ambientes modernos surgiram na sequência daquilo que é comummente conhecido como a Idade do Gelo.

Há seis atributos-chave desenvolvidos que nos tornam únicos. Esses atributos são

Bipedismo

É a primeira diferença entre o homem e o animal: aquela de levantar se de pé e caminhar sobre dois pés.

Mandíbulas

os dentes caninos superiores não sobressaem batendo nos terceiros molares inferiores. Nos  nossos antepassados os caninos desapareceram porque adquiriram a capacidade de fazer e utilizar as ferramentas de transformação alimentar.

Há 5 milhões de anos

O complexo da mastigação humana não possui grandes caninos, que sobressaem  na mandíbula superior e um espaço, entre o canino superior e o terceiro pré-molar chamado diastema. O complexo da mastigação dos macacos e gorilas  tem grandes caninos superiores, que sobressaem e acomodam-se num diastema da mandíbula inferior

Cultura  material: def

é a parte da cultura que se expressa com os objectos que os seres humanos utilizam para manipular os ambientes. Hoje, a nossa espécie  depende completamente da cultura material para o seu dia-a-dia e a sua própria sobrevivência. Cultura e comportamento aprendidos e transmitidos de pessoa em pessoa, é uma característica dos seres humanos complexos e facilita nossa sobrevivência, permitindo de nos adaptar às diferentes situações. Cultura Material é a parte da cultura que se expressa com os objectos que os seres humanos utilizam para manipular ambientes.

3ª característica

A produção e utilização de utensílios de pedra é um exemplo da  cultura material complexa. As ferramentas dos chimpanzés, não se compara com a complexidade e diversidade das ferramentas moderna e ancestral dos humanos. achava-se que o uso de  ferramenta e a tomada de decisões fosse fenómeno exclusivo da espécie  humana,  mas também os chimpanzés, parentes biológicos mais próximos dos seres humanos, têm modificados ramos para colher as térmitas. os chimpanzés usam duas pedras como martelo e bigorna para abrir nozes. os gorilas usam um pedaço de pau para testar a profundidade de uma poça de água que queriam atravessar. Utilização de ferramentas marcou a cultura material dos primeiros ancestrais humanos. Mas não há cultura porque não existe uma tradição viva consciente elaborada que passa de geração para geração, que permita individualizar uma dada comunidade constituídas de pessoas da mesma espécie.

Cultura  material e utensílios de pedra 6,5 ma

Os animais tem uma mastigação que dilacera e devora enquanto os seres humanos têm uma mastigação que tritura, primatas como os gorilas têm uma musculatura complexa, na qual os grandes caninos cortam os alimentos. Caninos superiores são apoiados contra os terceiros molares inferiores.

Os seres humanos e outros primatas têm potentes músculos da mastigação para processar o alimento. Nos seres humanos, o músculo temporal é orientado verticalmente, permitindo uma capacidade de esmagamento. Nos primatas não humanos os músculos são orientados horizontalmente.

Sahelanthropus  tchadensis

Primeiro pré-australopiteco encontrado em África central com possíveis evidências de bipedismo. O Sahelanthropus tchadensis foi descoberto no Chad, viveu há aproximadamente 6 a 7 milhões de anos atrás durante o Mioceno na região da África central que limita o Sahara ao sul.

foi chamado de "Toumai" ("esperança de vida" na linguagem local) e foi descrito em 2002 pelo paleontologista francês Michel Brunet e sua equipe, com base num crânio amassado e distorcido, que pode ser o mais antigo da linhagem humana e talvez representa o "elo perdido" que separava a linhagem humana da linhagem dos chimpanzés.

Foi colocado provisoriamente na linhagem dos hominídeos por causa de seu dente canino relativamente pequeno, que é desgastado na ponta. Em contraste, os caninos de macacos são grandes, projectados para fora e permanecem afiados ao longo de toda a vida.

Muitos fósseis de outros animais foram recuperados no mesmo local, sugerindo que o habitat, um deserto seco hoje, era então um lago luxuriante, com extensas florestas em torno dele. Esta descoberta mudou o conceito que tínhamos da evolução humana, que se pensava iniciar com o género Australopithecus. Os Sahelanthropus possuíam um volume cerebral variando entre 320 cm³ a 380 cm³, semelhante a dos atuais chimpanzés.

Orrorin tugenensis

pertencente às espécies de pré-australopiteco  encontradas na África oriental que manifestam algumas das primeiras evidências de bipedismo.

Ardipithecus kadabba

pertence às espécies pre-australopitequinas do Miocénico tardio e do Plioceno precoce, mostra evidências de deambulação complexa, traço primitivo intermediário entre macacos e humanos modernos.

Ardipithecus ramidus

Mais antigas formas preaustralopitequina pertence às  espécies do Miocénico tardio e do precoce Plioceno. mostra evidências de actividade de bipedismo e actividade arbórea mas sem sinais da primitiva deambulação complexas.

Australopithecus  anamensis.

Mais antiga espécie de australopiteco  da África oriental

 

Australopithecus afarensis

primeira forma de australopitecos da África oriental que tinha tamanho do cérebro equivalente ao moderno chimpanzés e achamos que seja o primeiro ser humano. O Australopithecus afarensis viveu entre 3 milhões e 700 mil anos atrás e 2 milhões 800 mil anos atrás. O mais famoso Australopithecus - afarensis é Lucy, cujos restos mortais foram encontrados no ano de 1974 e data de 3 milhões e 700 mil anos atrás. Analisados os dentes do Australopithecus - afarensis se conclui que Lucy era vegetariana. Talvez viveu sobre as árvores por razões de segurança.

Lúcy

um dos mais importantes fósseis, com o 40% do esqueleto completo. Os ossos pertencem a um adulto feminino do tipo A. afarensis, encontrados na África Oriental.

Esta descoberta é importante porque foram encontrados bem 52 ossos do esqueleto, e é, por isso, a mais antiga, a mais completa e mais bem preservada forma de hominídeo.

Lucy e um célebre Australopitecus - afarensis. Do estudo destes ossos  emerge que Lucy era alta 120 cm e pesava menos de 40 quilos. Seu cérebro não era muito maior do que aquele de um chimpanzé e se alimentava de plantas.

Os braços eram mais compridos do que as pernas; os dedos das mãos e dos pés, eram adaptados para escalar árvores, mas o seu andamento era perfeitamente bípede. Em um lugar próximo à descoberta de Lucy também foram descobertos os restos mortais de 12 pessoas, provavelmente, pertencentes à mesma raça de Lucy. De tudo isto emerge que o Australopithecus afarensis era provavelmente um indivíduo social.

Hoje em dia, as nossas espécies dependem totalmente da cultura e, principalmente da cultura material para o seu dia-a-dia e para a sua própria sobrevivência.

Cultura e comportamento aprendido transmitidos de pessoa a pessoa, é uma característica do ser humano complexo que facilita a nossa sobrevivência, permitindo de nos-adaptar às diferentes situações.

Def . de cultura material

Cultura Material é a parte da cultura que se expressa com os objectos que os seres humanos utilizam para manipular ambientes. Por exemplo, martelos e pregos são formas de cultura material que nos permitem de construir armários, mesas, há inúmeras outras formas de cultura material.

Em todo o reino animal, somente os homens falam e, por meio da fala, expressam ideias e pensamentos complexos.  A forma do osso hióide é exclusivo dos hominídeos e reflecte a sua capacidade de falar.  A fala é parte do pacote global no aumento da linhagem humana como também a cognição, inteligência, e o aumento do tamanho do cérebro.

Não poderíamos sobreviver sem as ajudas da cultura material moderna, tais como carros, computadores, televisores, canalização e electricidade.

nós não conseguimos viver sem qualquer forma de tecnologia  regular a temperatura, adquirir alimentos, etc. Algumas sociedades são menos tecnologicamente complexas do que a nossa, mas nenhuma sociedade funciona sem qualquer tecnologia.

três características

caça, fala e o consumo dos alimentos cozinhados — apareceram  mais tarde na evolução humana do que o bipedismo, a mastigação com dentes que não devoram e uso da ferramenta e da cultura material complexa.

Caça

A caça refere-se ao comportamento social através do qual um grupo de homens adultos, em geral, organizam-se para perseguir animais para a alimentação

Alguns primatas não-humanos organizam-se para perseguir a presa, mas eles não usam ferramentas e não percorrem longas distâncias, como os humanos  quando caçam.  Um comportamento humano igualmente distinto é o discurso. Somos os únicos animais que para comunicar falam.

cronologia prehistórica

1)           eões

a.              precambriano

i.      arqueano

ii.     proterozóico

iii.    fanerozóico

2)          eras      

a.              paleozóico

i.      períodos

1.       cambriano

2.       ordoviciano

3.       siluriano

4.       devoniano

5.       carbonífero

6.       permiano

 

b.           mesozóico

i.   períodos

1.    triássico

2.    giurassico

3.    cretáceo

 

c.           cenozóico

i.   períodos

1.    terciário                                       

a.       epocas

i.           paleoceno

ii.          Eocene

iii.         oligocene

iv.         miocene

v.          pliocene

 

2.    quaternário

a.       epocas

i.           pleistocene

ii.          olocene

 

 

Adeano

Rochas mais antigas Australia 4,1-4,2 biliões de anos BP,  afloramentos de Gneiss do Canada, Groenlândia, China. A Terra formou-se contemporaneamente às meteoros Primeiros 600 milhões de anos mas não temos testemunhas.

Início  do planeta.

Início = formação da terra por planetésimos que que chocam com a superfície, a matéria é a forma de bola, com o embate a Temperatura levanta e a energia cinética do planetésimo se transforma em calor. Torna-se tão quente que derrete. O ferro fundido precipita ao centro formando o núcleo e deixando atrás uma casca de rocha que tornar-se-á a placa terrestre. A superfície foi inundada por um oceano de magma. Sobre o oceano de magma forma-se uma placa subtil de rocha não permanente que resfria ao contacto com a atmosfera.

Arqueano

primeiro eon a ser documentado 4 biliões de anos BP, o planeta resfria. O oceano de magma solidifica na superfície e a estratificação externa da capa fragmenta em placas de litosfera com movimentos tectónico de subdução onde a placa penetra é fundida e re emerge com os vulcãos, solidificando-se em blocos. Os vulcãos fornecem gás à atmosfera, a terra resfria e o vapor áqueo se condensa na atmosfera e começam as primeiras chuvas no planeta. A 3,8 biliões se formam os oceanos e os rios sobre o continente sem vegetação, e arrastam no mar as rochas que tornam o mar salgado. Nascem as primeiras placas continentais e os primeiros oceanos, aparecem algas e stromatolitas.

Proterozoico

2 biliões de anos começa a mudar,  o ambiente da superfície da terra com um número menor de grandes placas em movimento lento e uma atmosfera rica em oxigénio existiu um grande número de organismos fotossintetizantes que despejam na atmosfera bióxido de carbono, metano, amónia e os  incorpora em tecidos e libertando oxigénio.

É  assim que se forma o 90% da crosta terrestre onde se adicionam novos vulcões e montes formando plataformas continentais, que colidem. Um bilião de anos BP se forma um único supercontinente chamado Rodínia G durante a sua formação, uma grande cadeia de montanhas chamadas orogenesis de Greenville (nasce o Canadá e Appalachian Mountains).  De 800-600 milhões de anos BP da Rodínia destacam-se 1)Antarctica 2)Índia 3)Austrália.

As placas viram e formam o supercontinente chamado Pannotia , isso faz com que o Rodinia se divida em bacias e rift valley.  Aparecem as células eucarióticas com uma complexa estrutura interna capaz de criar microorganismos unicelulares, e com funções fotossintetizantes.

Pré-cambriano

No final do  pré - cambrianos  o planeta que antes era massa incandescente de  magma  tornou-se um mundo de terras com mar surgiram e a atmosfera com oxigénio e formas de vida multicelulares.

Fanerozoico

545 milhões  BP.  A Vida é visível  aparecem diferentes organismos com esqueleto rígido. Nascimento do Paleozóico

Paleozóico

Terra sólida altera-se e formam-se os supercontinentes que, em seguida, são divididos. Nascem as cadeias montanhosas, os organismos com conchas outros escavadores  e plantas.

Cambriano e Ordoviciano

545 a 440 milhões de anos BP. A maior parte da crosta terrestre é unida no super continente Pannotia formado a partir de Rodinia em desunião. Pannotia desmembra-se formando 1) Laurencia (EUA) 2)Gondwana (se movimenta em direcção ao pólo sul e é encoberta por gelo) nasce a) America do Sul b) África c) Antardide d)Índia 3)Báltico e a Sibéria.

Para estudar o comportamento humano basta ver a forma em que o homem adquire os seus produtos alimentares.

De 10.000 a 11.000 BP

Início cerca de 10.000 a 11.000 anos antes do presente (BP), os seres humanos começaram a criar animais e crescer as plantas. Esta evolução levou à nossa actual dependência das espécies domésticas. Essa dependência tem tido um impacto profundo na biologia humana e no comportamento e representa um passo fundamental na evolução humana.

Os Seres humanos são os únicos a fazer funcionar comportamentos e mecanismos de sobrevivência daí as características anatómicas relacionadas que surgiram através da interacção complexa entre biologia e cultura, natureza e cultura. O antropólogo norte-americano Robert Boyd e seus colegas argumentam que enquanto os humanos são os animais mais inteligentes , não somos, de modo algum, suficientemente inteligentes para adquirir todas as informações complexas necessárias para sobreviver em qualquer ambiente. No processo da evolução humana, a nossa espécie sobreviveu devido à ferramentas, práticas e crenças. Há centenas de milhares de anos, os seres humanos gostaram muito de aprender com o outro. Reter novos conhecimentos, e transmiti-los para nossos descendentes e outros na sua sociedade, e esse processo se estende ao longo das gerações. A aprendizagem social faz com que seja possível para os seres humanos acumular uma quantidade incrível de informações durante períodos de tempo longos. Os antropólogos físicos formulam as suas hipóteses sobre evolução humana cuidadosamente e sistematicamente observando e questionando sobre o mundo natural ao redor deles. Estas observações e perguntas formam a base para identificação de problemas e colecta de dados  que irão ajudar a responder às questões e resolver os problemas.

Esses dados são usados para testar as hipóteses, e dar possíveis explicações para estudar o processo. Os cientistas observam e, depois, rejeitam ou confirmam as hipóteses formuladas.

Os  dados

Os dados são recolhidos para ajudar a responder a perguntas, resolver problemas e preencher as lacunas existentes no conhecimento científico.

Hipótese

Hipóteses são declarações verificáveis que potencialmente explicam fenómenos específicos observados no mundo natural.

Método

Método científico é uma investigação empírica um método no qual os dados das observações dos fenómenos são recolhidos, as hipóteses são formuladas e testadas, e são apresentadas as conclusões que validam ou anulam a hipótese original. Alguns antropólogos físicos estudam mais acerca da evolução humana, considerando as plantas e animais vivos, incluindo o ser humano. Outros antropólogos físicos estudam mais sobre evolução humana, investigando o passado, representado principalmente pelos ossos fossilizados e dentes fossilizados. Ambos, permitem-nos de compreender a evolução num maior contexto. O achado fóssil fornece-nos mais a história dos seres humanos e do humanoides antepassados, enquanto os vivos gravaram elementos que fornecem o quadro essencial através do qual se pode ver que a história evoluiu. No final dos anos 1700, os cientistas realizaram três coisas importantes sobre o mundo e seus habitantes:

Estas considerações sobre o mundo natural são o contexto da teoria da evolução de Darwin. Para idear a sua teoria, Darwin baseou-se em informações de cinco disciplinas científicas: geologia, paleontologia, taxinomia e sistemática, demografia, biologia evolucionista.

Geologia

A Geologia é o estudo da Terra, especialmente no que se refere à sua composição química, actividade, e a história. Esta disciplina tem demonstrado a grande idade do nosso planeta e o desenvolvimento da sua paisagem.

Paleontologia

Paleontologia é o estudo dos fósseis. Esta disciplina estuda as últimas formas de vida, que agora estão extintas.

Taxinomia

Taxinomia é a classificação do passado e das formas viventes. O fundamento desta disciplina é a sistemática, o estudo das relações biológicas ao longo do tempo.

Demografia

A demografia é o estudo da população, especialmente no que diz respeito ao nascimento, sobrevivência e morte e aos principais factores que influenciam essas três estadiações da vida.

Biologia Evolutiva

É o estudo dos organismos e suas alterações. Ao investigar os princípios fundamentais pelos quais a evolução opera, Darwin fundou esta disciplina. Nas secções a seguir, vamos dar uma olhada nesses observações em mais detalhes. Charles Darwin, pioneiro da selecção natural, desenvolveu as suas ideias, estudando plantas e animais vivos. Ele teve a extraordinária perspicácia de perceber que as suas teorias e hipóteses podiam ser aplicadas aos organismos do passado. Para Darwin, os organismos vivos foram fundamentais para a interpretação do passado porque eles apresentam evidências de elementos presentes na teoria da evolução. Da mesma forma, os organismos vivos fornecem elementos de forças fundamentais, tais como

que não estão disponíveis, pelo menos da mesma forma, dentro do passado. A vida dos primatas, tais como, aqui, orangotangos e os seres humanos - têm muito em comum, biologicamente e comportamentalmente. O estudo fornece o contexto essencial para a compreensão da variação e da evolução, agora e no passado. As suas ideias foram elaboradas, estudando plantas e animais vivos. Darwin teve a extraordinária perspicácia de perceber que as suas teorias e hipóteses podiam ser aplicadas aos organismos passados. Para Darwin, os organismos vivos foram fundamentais para a interpretação do passado porque eles apresentam evidências de elementos da teoria da evolução. Da mesma forma, os organismos vivos fornecem traços de forças fundamentais, tais como reprodução, na síntese do DNA, síntese de proteínas, e no comportamento - que não estão disponíveis, pelo menos da mesma forma, dentro do passado. O século XIX foi o século das colecções científicas. Durante os anos 1800, o mundo descobriu-se por colecções. Grandes  e pequenas Expedições que envolveram cientistas, exploradores e aventureiros - cruzaram os continentes e investigaram nas metrópoles ao redor do mundo. Estas equipas recolheram centenas de milhares de amostras: plantas, animais, pedras e fosseis. Valeu pegar do chão estes achados e coloca-los numa exposição. Este tipo de trabalho, numa dessas expedições internacionais, contribuiu para estabelecer os fundamentos para a teoria biológica mais importante, a teoria da evolução.

Em 1831, Charles Darwin jovem Inglês de 22 anos e recém-licenciado na Universidade de Cambridge, foi nomeado naturalista numa viagem de exploração (survey) de cinco anos ao redor do mundo a bordo do navio HMS Beagle. Era o seu primeiro trabalho fora do colégio. O jovem Darwin, que era formado em medicina e teologia, aceitou uma tarefa difícil. Aquela de colectar, documentar e estudar o mundo natural de plantas e animais, enchendo todo o navio de achados. Ao final da viagem, Darwin tinha acumulado uma maravilhosa e ampla colecção de plantas, insectos, pássaros e conchas, fósseis, e muitos outros materiais. Os achados colectados e as observações que fez sobre as coisas que ele viu na viagem formam a base da sua vida de investigação. As suas descobertas moldaram o futuro das ciências biológicas, incluindo a antropologia física.  As suas ideias forneceram a chave para a compreensão da origem e da evolução da própria vida. Logo após seu regresso da viagem, Darwin começou a formular questões acerca das origens das plantas e dos animais que povoavam as áreas que ele tinha explorado. A sua mais proeminente observação acerca das diferenças físicas, ou a mudança, entre membros da espécie, ou como os animais e como plantas. Ele articulava o fenómeno através das suas anotações sobre os pássaros que vivem nas ilhas Galápagos, um pequeno aglomerado de ilhas situada a 965 km ao largo da costa do Equador.

Estas observações de Darwin levantaram duas questões:

Depois de anos de estudo, Darwin respondeu a estas perguntas com uma ideia chamada "descendência com modificação", ou seja a teoria da evolução.

Evolução  adaptíva

Reconhecendo que as diferentes espécies de aves derivaram todas de um único ancestral comum que teria tido origem na América do Sul, Darwin também postulou o processo de irradiação adaptatíva: a derivação de uma espécie estreitamente relacionada com várias espécies. Darwin considera a evolução como simples mudança biológica de geração em geração. Muitos biólogos hoje limitam sua definição de evolução à mudança genética.

Adaptações

são as mudanças da estrutura física, ou duma função ou comportamento que permitem que um organismo ou espécie possa  sobreviver e reproduzir-se em um determinado meio ambiente.

Selecção  natural

A Selecção natural é o processo pelo qual alguns organismos, com recursos que lhes permitem adaptar-se ao ambiente, sobrevivem e reproduzem-se, aumentando assim a frequência desses recursos  na população.

Radiação adaptatíva

É a diversificação de um grupo ancestral de organismos em novas formas que são adaptadas a diferentes nichos ambientais. Darwin também veio a perceber que as variações nas características físicas das diferentes espécies de aves e de outros organismos foram o resultado de adaptações e características físicas que aumentaram a capacidade do organismo para sobreviver e reproduzir-se. Darwin reconheceu muitas outras adaptações no mundo natural, e ele concluiu que a adaptação foi o cerne da evolução. Para conectar esses processos, ele cunhou o termo selecção natural. De acordo com este princípio, as características biológicas que aumentam a capacidade de sobrevivência são sempre mais numerosas de geração em geração. Os membros de uma população dotada destas características produzem mais descendentes que sobrevivem à idade reprodutiva de membros de uma população que não estão dotados com essas características. Selecção Natural é, portanto, o principal factor de evolução.

Teoria  da evolução

Alguém já perguntou-se: "Se os seres humanos evoluíram dos macacos, então por que ainda temos macacos?"  Ou: "Se a evolução acontece, então, por que razão não devemos sempre ver novas espécies?". São estas as questões que as pessoas perguntam sem compreender os processos evolutivos ou sem acreditar que a evolução ocorre.

Evolução é entre os processos biológicos o mais desconhecido porque de facto não há nenhum antropólogo que pode afirmar que os homens evoluíram dos macacos, a razão é que não o sabemos. Nós não evoluímos dos chimpanzés. Os primeiros ancestrais humanos evoluíram de uma espécie hominídea que viveu cerca de 6 a 8 milhões de anos atrás (ma).  A Esta espécie ancestral pertencem os primeiros hominídeos comuns a nós e aos chimpanzés. Por sua vez, a linhagem que eventualmente deu origem aos macacos e aos humanos separou-se de alguém parecido a um macaco ancestral alguns 20 milhões de anos. E os macacos ainda estão fora de discussão porque as linhagens dos primeiros primatas  divergiram uma da outra, cada uma desenvolveu-se separadamente.  Ao longo de milhões de anos, alguns desses grupos se tornaram extintos, mas outros evoluíram para as espécies que vemos hoje. Assim, todas as espécies viventes são os atuais resultados de processos que remontam há milhares de anos. Porque a evolução de novas espécies levou muito tempo, e muitas raramente testemunham o surgimento de novas espécies excepto os microrganismos. Mas há alterações microevolutivas em muitas espécies, incluindo os hominídeos. Dizer, que a teoria da evolução "é apenas uma teoria", significa que a evolução é apenas uma ideia, uma conversa de nada.

Mas...

Teoria evolutiva

É uma teoria que explica como ocorrem as mudança biológicas das espécies ao longo do tempo, e que foram postas à prova do tempo. Hoje, a teoria evolutiva se destaca como a força unificadora mais importante da ciência biológica, hoje os biólogos podem explicar muitos processos evolutivos que até há 10 anos era impossível perceber. Porque a antropologia física se interessa de como os seres humanos se transformaram e como se adaptaram fisiologicamente ao ambiente externo, dos detalhes do processo evolutivo que são cruciais para a pesquisa do campo. Dada a importância central da evolução para a antropologia biológica, é útil apurar a lógica de como o processo veio a ser descoberto. Além disso, se quisermos compreender e fazer avaliações críticas da polémica que envolve a questão de hoje, temos a necessidade de explorar os acontecimentos sociais e políticos que influenciaram a descoberta de princípios evolutivos.

História  da teoria evolucionista

Charles Darwin foi o primeiro a explicar a mecânica básica do processo evolutivo. Mas enquanto ele estava desenvolvendo a sua teoria da selecção natural, um naturalista escocês chamado Alfred Russell Wallace chegou independentemente  à mesma conclusão.

Alfred Russell Wallace

Assim sendo a selecção natural, é a única e a mais importante força de mudança evolutiva, e foi proposta, contemporaneamente por dois homens ingleses do século XIX. Isso de facto pode parecer  uma curiosa coincidência! Vejamos os antefactos dessa teoria

Gênero-espécie

O conceito de espécie,  foi proposto e desenvolvido por John Ray, formado na Universidade de Cambridge. Ele reconheceu que os grupos de plantas e animais poderiam ser diferenciados dos outros grupos pela sua capacidade de acasalamento e de reproduzir descendência fértil com um outro grupo. Colocou tais grupos de organismos definindo-os reprodutivamente em categorias, a que chamou  de espécies.

No final do 1600, o critério biológico da reprodução foi usado para definir espécies. Ray também reconheceu que as espécies frequentemente compartilham semelhanças com outras espécies, e são agrupadas num segundo nível de classificação, chamado o género.

Carolus Linnaeus (1707-1778)

 foi o naturalista sueco, que desenvolveu os métodos de classificação de plantas e animais. Na sua obra famosa, Systema Naturae (sistemas de natureza), publicada pela primeira vez em 1735, ele padronizou o uso da terminologia de género e espécie de Ray e estabeleceu o sistema de nomenclatura binomial. Ele também acrescentou muito mais categorias: a classe e a ordem. Sistema de quatro níveis de Lineu se tornou a base para a taxinomia, o sistema a ser usado de classificação continua. Linnaeus também incluíu os seres humanos na sua classificação de animais, colocou-os no género Homo e espécie sapiens.

Buffon Georges Louis Leclerc

Naturalista francês, Real Georges-Louis Leclerc de Buffon (1707- 1788), reconheceu a relação dinâmica entre o ambiente externo e as formas viventes. Na sua História Natural, publicado pela primeira vez em 1749, ele reconheceu que nas diferentes regiões, existem plantas e animais únicos. Ele destacou que os animais vieram de um "centro de origem,"  Buffon reconheceu que as alterações do ambiente externo, climáticas, foram agentes de mudança nas espécies.

Jean-Baptiste Lamarck (1744-1829).

Naturalista francês. Sugere-se uma relação dinâmica entre as espécies e o meio ambiente, tais que, se o ambiente externo muda, mudam também nos animais os padrões de comportamento. Isto pode resultar no aumento ou diminuição do uso de determinadas partes do corpo; por conseguinte, as partes do corpo que serão modificadas.

Segundo Lamarck, os membros do corpo que não forem usados  desaparecem ao longo do tempo. No entanto, os membros que continuam a ser usados,  iriam mudar. Tais mudanças físicas que ocorrem em resposta  "necessidades", de forma que, se uma determinada parte do corpo que sentiu uma certa necessidade, "fluidos e forças" seria direcionada para o ponto, e a estrutura que será modificada.

catastrofismo

Georges Cuvier (1769- 1832).  Cuvier introduz o conceito de extinção para explicar o desaparecimento de animais representados por fósseis. Cuvier foi um brilhante anatomista, mas ele nunca entendeu o conceito dinâmico de natureza e da mudança também insistiu sobre a invariabilidade das espécies. Por isso, em vez de assumir que as semelhanças entre as formas fósseis e espécies vivas indicam relações evolutivas.

teoria das espécies

Charles cresceu em uma família com laços formados a círculos intelectuais. Charles Darwin (1809- 1882) foi um dos seis filhos de Dr. Robert e Susan Darwin (Fig. 2-7). Charles cresceu desfrutando a vida confortável da aristocracia rural nas zonas rurais de Inglaterra. Como menino, Darwin tinha um grande interesse pela natureza e passou seus dias a pescar e a recolher de conchas, ovos de aves, e rochas. o seu pai enviou-o para a Universidade de Edimburgo para estudar medicina. Foi ali que Darwin pela primeira vez familiarizou com as teorias evolucionistas de Lamarck e outros. Durante esse tempo (o 1820), as ideias da evolução foram afirmando-se na Inglaterra e nos outros países. Na França pós-revolucionária  tudo isso foi visto com desconfiança a causa da ordem social estabelecida na Inglaterra, e Lamarck, doutro lado sendo francês, foi especialmente desprezados pelos cientistas Britânicos. Foi também um tempo de crescente instabilidade política na Grã-Bretanha. O temor crescente de ideias evolutivas levaram muitos a crer que, se essas ideia fossem geralmente aceites, "a Igreja seria colocada em discussão, o tecido moral da sociedade seria dilacerada, e  o homem civilizado voltaria a barbárie". É lamentável que alguns dos mais entusiasmados defensores da evolução da espécie  foram tão veementemente anti-cristão. Darwin começou a desenvolver os seus pontos de vista sobre o que denominou selecção natural. Este conceito foi proveitado pelos criadores de animais, que escolhiam, ou "seleccionavam", os reprodutores dos animais que possuíam determinadas características que eles queriam empregar na criação. Os animais com características indesejáveis são "de-seleccionados" ou impedidos de progredir. Um exemplo dramático dos efeitos de reprodução selectiva pode ser visto em diversas raças cães domésticos. Darwin aplicou o conhecimento das espécies domésticas às espécies não domésticas, onde o agente selectivo, é a natureza, e não os seres humanos. No fim da década de 1830, Darwin apurou que a variação biológica dentro duma espécie dependia da reprodução sexuada. Ele aceitou a ideia de Malthus que afirmava que as populações aumentam numa proporção mais elevada dos recursos disponíveis para o crescimento, e ele reconheceu que nas espécies animais, o tamanho da população é sempre limitado a causa da quantidade de alimentos e água disponíveis. Ele também reconheceu que estes dois factores levavam a uma constante "luta pela existência". A ideia de que a cada geração os nascidos são mais numerosos daqueles que conseguem sobreviver até a idade adulta, foi a base que serviu a Darwin para desenvolver a sua teoria da selecção natural. Em 1844, Darwin escreveu um breve resumo da sua hipótese acerca da selecção natural, mas ele pensou que não tinha dados suficientes para suporta-la, por isso continuou as suas pesquisas sem publica-las. Ele também tinha outros motivos para não publicar porque sabia que o seu era um trabalho altamente controverso. Ele estava profundamente perturbado porque viu que as suas ideias contrariavam a convicção religiosa da sua esposa, Emma.

Alfred Russell Wallace

(1823- 1913) Wallace interessou-se em colectar plantas e os animais se uniu a expedições para a Amazónia e o Sudeste Asiático, onde adquiriu conhecimento em primeira mão de muitos fenómenos naturais. Em 1855, Wallace publicou um artigo sugerindo que espécies atuais eram descendentes de outras espécies e que o surgimento de novos seres foi influenciado por factores ambientais.  Este artigo obrigou Lyell e outros a publicar, mas Darwin continuou a hesitar. Em seguida, em 1858, Wallace enviou a Darwin o seu livro,  Wallace descreveu a evolução como um processo conduzido pela concorrência e pela selecção natural.

Quando ele recebeu a obra de Wallace, Darwin percebeu que não poderia esperar mais ou Wallace poderia obter crédito duma teoria (selecção natural) que não era farinha do seu saco ma fruto do seu suor. Ele rapidamente escreveu um documento apresentando suas ideias, e ambos os documentos foram lidos antes na Linnean Society de Londres. Nem o autor estava presente. Wallace estava fora do país, e Darwin estava de óbito pela morte recente do seu jovem filho. O livro recebeu pouca atenção na época. Mas, em Dezembro de 1859, quando Darwin concluiu e publicou a sua maior obra, a origem das espécies, a tempestade rebentou. Embora opinião pública fosse negativa, havia muitos elogios para o livro, e a opinião científica gradualmente veio a apoiar Darwin. A questão das espécies foi assim explicada: as Espécies podem mudar, elas não são fixas, e elas evoluíram de outras espécies através do mecanismo de selecção natural.

A  selecção Natural

No início de sua pesquisa, Darwin percebeu que a selecção natural era a chave para a evolução. Com a ajuda das ideias de Malthus , viu que a selecção na natureza poderia ser explicada. Na luta pela existência, aqueles indivíduos com variações favoráveis seriam capazes de sobreviver e reproduzir-se, mas aqueles com variações desfavoráveis não o seriam. Para Darwin, a explicação da evolução, foi simples. Os processos básicos, como ele entendeu-os, são os seguintes:



Antropologia Física


HOME
EPISTEMOLOGIA
PENTATEUCO
ANTROPOLOGIA ECONÓMICA
TEORIAS
SEMIÓTICA
ANTROPOLOGIA FÍSICA
MÉTODOS
ANTROPOLOGIA SOCIAL E CULTUR.



AA 2022


Quadro de Sumários

Plano de Sumários

UNIDADE 1 O presente fundamento para o passado

1 Construção e fundamentos científicos da teoria evolucionistica.
2 Genética: reproduzir a vida produzindo mudanças
3 População vivente
4 Primatologia

UNIDADE 2 O passado prefigura o presente

5 Os fósseis e o seu lugar no tempo e na natureza
6 As Orígens dos primatas e a evolução
7 Primeiros hominídeos e sua evolução
8 Origens e evolução do Primeiro Homem

UNIDADE 3 Bases Biológicas da agregação social

15 Indivíduo e conflictualidade
16 relacionamento mãe-filho.
17 Os meios de coesão social
18 Biologia e ambiente: relação e colaboração

UNIDADE 4 Sociedade humana

20 Formas de socialização nos Primatas.
21 Agregação social dos humanos
22 A comunicação no grupo
23 a linguagem

UNIDADE 5 Tradição e cultura

25 Adquirir a cultura
26 A produção dos instrumentos.
27 Orígens da Cultura material e Hominídeos.
28 Acumular informações
29 O tempo e a história natural

1ª Lição - 26 de Maio: Antropologia Física o que é?


Aprendemos na arqueologia que antes de 1000 dC ou mais, que as pessoas eram exclusivamente selvagens comiam animais, peixes e plantas selvagens - eram caçadores e coletores. Nunca se permaneciam em um lugar por longos período de tempo, eles mudavam de um lugar para outro, caçando animais, pescando no litoral e recolhendo plantas. Então os seus descendentes - os antepassados - adquiriram formas de cultivo, tornando-se os primeiros agricultores da região. Essas pessoas fizeram muita pesca, mas foi a agricultura a produziu os pilares da dieta humana. Essa grande mudança no estilo de vida levou ao estabelecimento de aldeias semipermanentes. Em comparação com os caçadores-coletores que viviam antes do ano 1000 dC, os agricultores posteriores foram mais baixos, as suas caveiras e os ossos dos membros eram menores e tinham mais doenças dentárias e mais infecções.
Toda essa informação - descobertas cientificas sobre os povos pré-históricos, suas
mudanças biológicas e suas adaptações - preparam o cenário para o nosso estudo antropológico
Para estudar as pessoas pré-históricas, os descendentes da pré-história devemos estudar os caçadores-coletores e mais tarde os agricultores. A partir da nossa história, aprendemos
que, após a chegada dos portugueses, os nativos trabalharam duro, tornaram-se mais
expertos em produzir e comer milho, mandioca, mas a sua saúde declinou. A combinação
da diminuição da qualidade de vida e das novas doenças introduzidas pelos portugueses, e espanhóis levou à extinção da população nativa na área da África e América do Norte.
A pesquisa que acabamos de descrever é uma pequena parte da disciplina mais ampla conhecida como antropologia física. O nosso trabalho diz respeito à vida dos primeiros angolanos, mas os antropólogos físicos exploram e estudam em todos os lugares onde viviam os humanos e seus antepassados. Esta empresa cobre muito terreno e muito tempo, basicamente o mundo inteiro e os últimos 50 milhões de anos ou mais! A cobertura territorial da antropologia física é tão generalizada e tão diversificada, porque o campo aborda questões amplas, buscando entender a evolução humana - o que éramos no passado, o que somos hoje e onde iremos no futuro. Os antropólogos físicos procuram respostas a perguntas sobre por que somos o que somos como organismos biológicos. A forma como respondemos a estas questões muitas vezes é difícil. As questões, no entanto, motivam os antropólogos físicos a passarem meses África Austral, aprendendo sobre pessoas nativas extintas ou nos desertos da Etiópia central encontrando e estudando os restos de pessoas que viveram centenas, milhares ou mesmo milhões de anos Atrás, ou nas altas altitudes da Cordilheira dos Andes estudando pessoas vivas e suas respostas e adaptação de longo prazo pela baixa percentagem de oxigênio e frio extremo, para citar apenas algumas das condições. Neste capítulo, exploraremos mais detalhadamente a natureza da antropologia física e seu objeto.

O QUE É ANTROPOLOGIA?

Quando os exploradores europeus realizaram pela primeira vez viagens transcontinentais (por exemplo, Diogo Cão em África no final dos anos 1400) ou viagens transoceanicas para terras longínquas (por exemplo, Cristóvão Colombo para as Américas no final dos anos 1400 e início de 1500), encontraram pessoas que pareciam como eles, mas conversaram, vestiam-se e se comportaram de forma muito diferente deles. Quando esses viajantes regressaram aos seus países de origem, descreveram os povos e as culturas que viram. Com base nesses contos, os primeiros estudiosos especularam sobre as relações entre os seres humanos que viviam na Europa e os encontrados em África. Eventualmente, mais tarde os estudiosos desenvolveram novas ideias sobre outras culturas, resultando no desenvolvimento da disciplina da antropologia. A antropologia é o estudo da humanidade, visto da perspectiva de todas as pessoas e de todos os tempos. Segundo o particularismo histórico, a antropologia inclui quatro ramos ou subdisciplinas: antropologia cultural, arqueologia, antropologia linguística e antropologia física, também chamada antropologia biológica.
(A) Antropólogos culturais, estudam populações vivas, costumam passar o tempo vivendo com grupos culturais para obter perspectivas mais específicas sobre essas culturas. A antropóloga norte-americana Margaret Mead (1901-1978), um dos nomes mais reconhecidos da antropologia cultural, estudou os povos das Ilhas Samoa, perto de Papua Nova Guiné.
(B) Os arqueólogos estudam comportamentos humanos passados ao investigar material que os seres humanos deixaram para trás, como edifícios e outras estruturas. Em Mbanza Kongo, os arqueólogos examina os restos do palácio do Rei do Kongo (cerca de 750-1000 dC).
(C) os Antropólogos linguísticos estudam todos os aspectos do uso da linguagem e da linguagem. Aqui, Leslie Moore, uma antropóloga linguística que trabalha em uma comunidade Fulbe no norte dos Camarões, registra como um professor guia um menino na memorização dos versos do Alcorão. (D) Antropólogos físicos estudam evolução e variação humanas. Alguns antropólogos físicos estudam esqueletos do passado para investigar a evolução e a variação ao longo da história humana. Aqueles que trabalham em antropologia forense, uma especialidade da antropologia física, examinam esqueletos na esperança de identificar as pessoas do passado. Essa identificação pode ser de uma única pessoa ou de milhares.

Os Quatro Campos da Antropologia

1 Antropologia Cultural
2 Arqueologia
3 Antropologia Linguística
4 Antropologia Física
O estudo de culturas e sociedades de seres humanos e seu passado muito recente. Antropólogos culturais tradicionais estudam culturas vivas e apresentam as suas observações numa pesquisa etnográfica. O estudo das sociedades passadas e suas culturas, especialmente os restos materiais do passado, como ferramentas, restos alimentares e lugares onde as pessoas viviam. O estudo da linguagem, especialmente a forma como a linguagem é estruturada, a evolução da linguagem e os contextos sociais e culturais da linguagem. Também chamada de antropologia biológica, a antropologia física é o estudo da evolução e variação humana, tanto passadas quanto atuais.
Os antropólogos culturais geralmente estudam as sociedades atuais em ambientes não-ocidentais, como na África, América do Sul ou Austrália. A cultura - definida como comportamento aprendido que é transmitido de pessoa para pessoa - é o tema unificador do estudo em antropologia cultural. Os arqueólogos estudam as sociedades humanas passadas, concentrando-se principalmente em seus restos materiais - como restos de animais e plantas e lugares onde as pessoas viviam no passado. Os arqueólogos são mais conhecidos pelo seu estudo de objetos materiais - artefatos - de culturas passadas, como armamento e cerâmica. Os arqueólogos estudam os processos por trás dos comportamentos humanos passados - por exemplo, por que as pessoas viviam onde eles faziam, por que algumas sociedades eram simples e outras complexas e por que as pessoas passavam da caça e da coleta à agricultura, começando há mais de 10.000 anos. Os arqueólogos são os antropólogos culturais do passado - eles procuram reassemblar culturas do passado como se essas culturas estivessem vivas hoje. Os antropólogos linguísticos estudam a construção e o uso da linguagem pelas sociedades humanas. A linguagem definida como um conjunto de símbolos escritos ou falados que se referem a coisas (pessoas, lugares, conceitos, etc.) que não sejam eles mesmos - possibilita a transferência de conhecimento de uma pessoa para a próxima e de uma geração para outra. Difundido entre os antropólogos linguísticos é um subfilo chamado sociolinguística, a investigação dos contextos sociais da linguagem. Os antropólogos físicos (ou biológicos) estudam todos os aspectos da biologia humana presente e passada. Como exploraremos na próxima seção, a antropologia física lida com a evolução e variação entre os seres humanos e seus familiares vivos e passados. Nenhum antropólogo deve ser um especialista em todos os quatro ramos. Os antropólogos em todas as quatro áreas e com interesses muito diferentes reconhecem a diversidade da humanidade em todos os contextos. Nenhuma outra disciplina abraça a amplitude da condição humana dessa maneira. De fato, esta disciplina notavelmente diversa difere de outras disciplinas em seu compromisso com a noção de que os humanos são seres biológicos e culturais. Uma área central de interesse que muitos antropólogos compartilham é a inter-relação entre o que os seres humanos herdaram geneticamente e a cultura. Os antropólogos chamam esse enfoque da abordagem biocultural. A antropologia também difere de outras disciplinas em enfatizar uma abordagem comparativa ampla para o estudo da biologia e da cultura, olhando todas as pessoas (e seus antepassados) e todas as culturas em todos os momentos e lugares - é holística.

O QUE É antropologia física?

A resposta curta a esta pergunta é: a antropologia física é o estudo da evolução biológica humana e variação biocultural humana. Dois conceitos fundamentais subjacentes a esta definição.
1, cada pessoa é um produto da história evolutiva, ou todas as mudanças biológicas que levaram a humanidade a sua forma actual. Os restos mortais de seres humanóides, ou hominídeos, indicam que os primeiros ancestrais humanos, na África, a data de por volta de 6-8 milhões de anos (ma). Desde aquela época, a aparência física de hominídeos e seus descendentes, incluindo nós, mudou dramaticamente. A nossa aparência física, a nossa inteligência, e tudo o mais que nos torna organismos biológicos distintos evoluíram a partir dos nossos predecessores, cujos genes levaram à espécie que somos hoje.
2, cada um de nós é o produto de nossa própria história de vida individual. A partir do momento em que fomos concebidos, a nossa composição biológica foi determinada principalmente pelos nossos genes. (O genoma humano, isto é, todo o material genético de uma pessoa inclui alguns 20.000-25.000 genes.) A nossa composição biológica é também fortemente influenciada pelo nosso ambiente.
“Ambiente” aqui não se refere apenas aos fatores óbvios, tais como clima, mas a tudo o que tem afetado as atividades físicas que nos determinaram (que têm colocado pressão sobre os nossos músculos e ossos), a comida que nós comemos, e muitos outros fatores que afetam a saúde geral e o bem-estar. Ambiente também inclui fatores sociais e culturais. Um ambiente social desfavorecido, como aquele em que bebês e crianças recebem alimentação de má qualidade, pode resultar em consequências negativas, tais como problemas de saúde, altura reduzida, e a expectativa de vida encurtada. Devido à dieta rica em legumes ou milho, os dentes das crianças mais tarde apresentaram cavidades. A Condição humana actual reflete milhões de anos de evolução, bem como as circunstâncias mais imediatas, tais como dieta, exposição a doenças, e as tensões da vida do dia-a-dia.

O que fazem os antropólogos físicos?

Os antropólogos físicos, os cientistas que estudam a evolução e a variação dos seres humanos, viajam muito para lugares África e em todo o mundo para investigar as populações. Alguns antropólogos físicos estudam pessoas vivas, enquanto outros estudam espécies extintas e vivas de nossos parentes biológicos mais próximos, primatas como lêmures, símios e macacos. Outros antropólogos físicos viajam para visitar coleções de museus e locais arqueológicos para estudar as sociedades passadas. Frequentemente alguns perguntam: 'Por que alguém quer estudar pessoas mortas e ossos e dentes velhos?' Todos ouviram falar de física, química e biologia, mas a pessoa média nunca ouviu falar sobre esse campo da antropologia. Em comparação com outras áreas da ciência, a antropologia física é pequena. Mas a pequenez não a torna sem importância. É prático e importante, fornecer respostas para questões fundamentais que foram feitas por estudiosos e cientistas por séculos, como Quem somos nós enquanto espécie? O que significa ser humano? De onde viemos? Como melhorar a condição humana? A antropologia física desempenha um papel vital no atendimento de questões que são fundamentais para a nossa sociedade, às vezes envolvendo circunstâncias que todos nós desejamos, mas que nunca surgiram. Por exemplo, a escolha de Mbanza Kongo como património mundial da humanidade. A disciplina praticada nos Estados Unidos começou na primeira metade do século XX, especialmente sob a orientação de três figuras-chave: Franz Boas para a antropologia cultural em geral. Os antropólogos físicos estudam todos os aspectos da biologia humana, examinando especificamente a evolução e a variação dos seres humanos e seus familiares vivos e passados. Este foco na biologia significa que os antropólogos físicos praticam uma ciência biológica. Mas eles também praticam uma ciência social, e estudam biologia no contexto da cultura e do comportamento. Dependendo de suas áreas de interesse, os antropólogos físicos podem examinar a estrutura molecular, ossos e dentes, tipos sanguíneos, capacidade respiratória e volume pulmonar, genética e história genética, infecções e doenças.

A Nossa espécie hoje domina a Terra porque usamos nossos cérebros e invenções culturais para invadir todos os cantos do planeta. No entanto, cerca de 5 milhões de anos atrás, nossos ancestrais eram pouco mais que macacos bípedes, confinados a algumas regiões da África. Como eram essas criaturas? Quando e como eles começaram sua jornada evolutiva? Aqui discutimos as técnicas que os paleoantropólogos usam para localizar e escavar sítios, bem como as abordagens multidisciplinares usadas para interpretar as descobertas. Neste lição, nos voltamos para a evidência física dos próprios fósseis de hominídeos. Os primeiros fósseis identificáveis como hominídeos são todos da África. Eles datam de 6+ bilhões de anos; após 4 bilhões de anos, as variedades desses primeiros hominídeos tornam-se mais abundantes e amplamente distribuídas na África. É fascinante pensar em todos esses primeiros membros primitivos de nossa árvore genealógica vivendo lado a lado por milhões de anos, especialmente quando também tentamos descobrir como eles conseguiram coexistir com suas diferentes adaptações. A maioria dessas espécies foi extinta. Por quê? E alguns desses animais simiescos eram possivelmente nossos ancestrais directos? Os hominídeos, é claro, evoluíram de primatas anteriores (que datam do Eoceno ao Mioceno tardio), e hoje discutimos a evidência fóssil de primatas pré-hominídeos. Esses fósseis nos fornecem um contexto para entender a evolução subsequente da linhagem humana. Nos últimos anos, os paleoantropólogos de vários países têm escavado sítios na África, e muitos novos achados interessantes foram descobertos. No entanto, como muitas dessas descobertas são tão recentes, avaliações detalhadas ainda estão em andamento e as conclusões devem permanecer provisórias. Uma coisa é certa, porém. Os primeiros membros da linhagem humana estavam confinados à África. Só muito mais tarde seus descendentes se dispersaram do continente africano para outras áreas do Velho Mundo.

Caminhando: a adaptação bípede
Há várias hipóteses que tentam explicar por que a locomoção bípede evoluiu primeiro nos hominídeos. Aqui nos voltamos para as evidências anatômicas específicas (isto é, morfológicas) que nos mostram quando, onde e como a locomoção bípede dos hominídeos evoluiu. De uma perspectiva mais ampla, notamos uma tendência em todos os primatas para a postura corporal erecta e algum bipedismo. De todos os primatas vivos, no entanto, o bipedismo eficiente como a forma primária (habitual) de locomoção é visto apenas nos hominídeos. Funcionalmente, o modo humano de locomoção é mais claramente mostrado em nossa marcha a passos largos, onde o peso é colocado alternadamente em um único membro posterior totalmente estendido. Essa forma especializada de locomoção se desenvolveu a um ponto em que os níveis de energia são usados para atingir o pico de eficiência. Nossa maneira de locomoção bípede está muito longe do que vemos em primatas não humanos, que se movem bipedalmente com quadris e joelhos dobrados e mantêm o equilíbrio desajeitado e ineficiente, cambaleando em vez de andar a passos largos. A partir de uma pesquisa de nossos parentes primatas próximos, é evidente que, enquanto ainda nas árvores, nossos ancestrais se adaptaram numa boa quantidade a permanecer erectos na parte superior do corpo. Prossímios, macacos e símios passam um tempo considerável sentados e erectos enquanto se alimentam, se arrumam ou dormem. Presumivelmente, nossos primeiros ancestrais exibiram um comportamento semelhante. O que fez com que essas formas surgissem e embarcassem no modo de vida único que eventualmente levaria aos humanos ainda é um mistério. Talvez a seleção natural tenha favorecido alguns hominídeos do Mioceno vindo ocasionalmente ao solo para procurar comida no chão da floresta e na orla da floresta. De qualquer forma, uma vez no chão e longe da segurança imediata oferecida pelas árvores, a locomoção bípede poderia se tornar uma tremenda vantagem.

A mecânica de andar sobre duas pernas
Nosso modo de locomoção é realmente extraordinário, envolvendo, como envolve, um tipo único de locomoção. actividade em que “o corpo, passo a passo, oscila à beira da catástrofe” (Napier, 1967, p. 56). Desta forma, o acto de andar humano é o acto de cair quase repetidamente! O problema é manter o equilíbrio na perna de “postura” enquanto a perna de “balanço” está fora do chão. De facto, durante a caminhada normal, os dois pés estão simultaneamente no chão apenas cerca de 25% do tempo, e esse número se torna ainda menor à medida que andamos (ou corremos) mais rápido. A manutenção de um centro de equilíbrio estável nesta forma complexa de locomoção exige muitas alterações estruturais/anatômicas drásticas no padrão quadrúpede básico dos primatas. As mudanças mais dramáticas são vistas na pelve. A pelve é composta por três elementos: dois ossos do quadril, ou ossa coxae (sing., os coxae), unidos na parte posterior do sacro. Em um quadrúpede, os ossos da coxa são ossos alongados verticalmente posicionados ao longo de cada lado da porção inferior da coluna e orientados mais ou menos paralelamente a ela. Nos hominídeos, a pelve é comparativamente muito mais curta e larga e se estende para o lado. Essa configuração ajuda a estabilizar a linha de transmissão de peso em uma postura bípede da região lombar até a articulação do quadril. Várias consequências resultaram da remodelação da pelve durante a evolução inicial dos hominídeos. Alargar os dois lados e estendê-los para o lado e para a frente do corpo produziu uma estrutura em forma de bacia que ajuda a sustentar os órgãos abdominais (pelve significa “bacia” em latim). Essas alterações também reposicionaram as inserções de vários músculos-chave que atuam no quadril e na perna, alterando morfologicamente quanto à sua função mecânica. Provavelmente forma e estrutura dos organismos.

Bipedismo
Como se pode ver, a evolução do bipedismo hominíneo exigiu uma complexa reorganização anatômica. Para a seleção natural produzir mudanças anatômicas da magnitude observada nos hominídeos, os benefícios da locomoção bípede devem ter sido realmente significativos!
que a locomoção bípede pode ter conferido aos primeiros hominídeos. Mas tudo isso permanece como hipótese (já que não podem ser testadas, poderiam ser chamadas de cenários com mais precisão), e temos dados inadequados para testar os vários modelos propostos. Ainda assim, dadas as alterações anatômicas necessárias para um bipedismo eficiente, alguns estímulos comportamentais importantes devem ter influenciado seu desenvolvimento. Quando interpretam a história evolutiva, os biólogos gostam de dizer que a forma segue a função. Em outras palavras, durante a evolução, os organismos não sofrem reorganização significativa na estrutura, a menos que essas mudanças – ao longo de muitas gerações – ajudem os indivíduos em alguma capacidade funcional (e, assim, aumentem seu sucesso reprodutivo). Tais mudanças não necessariamente ocorreram de uma só vez, mas provavelmente evoluíram ao longo de um período de tempo bastante longo. Mesmo assim, uma vez que as influências comportamentais iniciaram certas modificações estruturais, o processo ganhou impulso e prosseguiu de forma irreversível. Dizemos que o bipedismo dos hominídeos é ao mesmo tempo habitual e obrigatório. Por bipedismo habitual, queremos dizer que os hominídeos, ao contrário de qualquer outro primata, se movem bipedalmente como seu modo padrão e mais eficiente de locomoção. Por bipedismo obrigatório, queremos dizer que os hominídeos estão comprometidos com o bipedismo e não podem se locomover eficientemente de nenhuma outra maneira. Por exemplo, a perda da capacidade de agarrar do pé torna a escalada muito mais difícil para os humanos (embora de forma alguma impossível). A tarefa central, então, na tentativa de entender os primeiros membros da linhagem hominídea é identificar características anatômicas que indicam bipedismo e interpretar em que medida esses organismos estavam comprometidos com essa forma de locomoção (ou seja, era habitual e obrigatória?). Que padrões estruturais são observáveis nos primeiros hominídeos e o que eles implicam em relação à função locomotora? Em pelo menos 4 milhões de anos, todas as principais mudanças estruturais necessárias para o bipedismo são vistas nos primeiros hominídeos da África (pelo menos na medida em que as evidências permitem tirar conclusões). Em particular, a pelve, conforme claramente documentado por vários espécimes excelentemente preservados, foi dramaticamente remodelada para suportar o peso em uma postura bípede. Outras mudanças estruturais mostradas após 4 milhões de anos nos primeiros restos pós-cranianos de hominídeos relativamente completos confirmam ainda mais o padrão visto na pelve. Por exemplo, a coluna vertebral (como é conhecida a partir de espécimes na África Oriental e do Sul) mostra as mesmas curvas dos hominídeos modernos. Os membros inferiores também são alongados e parecem ser proporcionalmente tão longos quanto nos humanos modernos (embora os braços sejam mais longos nesses primeiros hominídeos). Além disso, o ângulo de suporte de peso do quadril ao joelho é muito semelhante ao observado no Homo sapiens. A evidência fóssil da estrutura inicial do pé dos hominídeos veio de dois locais na África do Sul; especialmente importantes são alguns fósseis de Sterkfontein (Clarke e Tobias, 1995). Esses espécimes, compostos por quatro elementos articuladores do tornozelo e o dedão do pé, indicam que o calcanhar e o arco longitudinal estavam bem adaptados para uma marcha bípede. Por sua vez, essa capacidade de agarrar (como em outros primatas) teria permitido que os primeiros hominídeos explorassem mais efetivamente os habitats arbóreos. Finalmente, uma vez que a remodelação anatômica é sempre limitada por um conjunto de comprometimentos funcionais complexos, um pé altamente capaz de agarrar e escalar é menos útil como plataforma estável durante a locomoção bípede. Alguns pesquisadores, portanto, veem os primeiros hominídeos como talvez não tão comprometidos com a locomoção bípede quanto os hominídeos posteriores. Outras evidências de mudanças evolutivas no pé vêm de dois locais na África Oriental onde numerosos elementos fossilizados foram recuperados (Fig. 10-5). Como nos restos da África do Sul, os fósseis da África Oriental sugerem uma marcha bípede bem adaptada. Os arcos são desenvolvidos, mas algumas diferenças no tornozelo também implicam que uma flexibilidade considerável foi possível (novamente, provavelmente indicando alguma adaptação contínua à escalada). A partir dessa evidência, alguns pesquisadores concluíram que muitas formas de hominídeos primitivos provavelmente passaram um tempo considerável nas árvores. Além disso, eles podem não ter sido tão eficientes como bípedes quanto foi sugerido anteriormente. No entanto, a maioria dos pesquisadores sustenta que os primeiros hominídeos da África exibiam bipedismo habitual e obrigatório.

Em busca de conexões: primeiros hominídeos da África
Como já se sabe, uma variedade de primeiros hominídeos vivia na África, e vamos cobrir suas idas e vindas ao longo de um período de 5 milhões de anos, de pelo menos 6 a 1 mya. Também é importado É importante ter em mente que esses hominídeos estavam geograficamente amplamente distribuídos, com descobertas de fósseis vindos da África Central, Oriental e do Sul. Os paleoantropólogos geralmente concordam que havia pelo menos seis gêneros diferentes entre esses fósseis africanos primitivos, que por sua vez compreendiam mais de 13 espécies diferentes. Em nenhum momento, em nenhum outro lugar, os hominídeos foram tão diversos quanto esses membros muito antigos de nossa árvore genealógica. Como se pode ver, alguns dos primeiros fósseis considerados por muitos pesquisadores como hominídeos são primitivos em alguns aspectos e extraordinariamente desenvolvidos em outros. De facto, alguns paleoantropólogos não estão convencidos de que sejam realmente hominídeos. Como se pode prever, existem alguns fósseis diferentes de muitos locais; sua nomenclatura formal pode ser difícil de pronunciar e difícil de lembrar. Então, tentaremos discutir esses grupos de fósseis de uma maneira fácil de entender. Nosso foco principal será organizá-los por tempo e por grandes tendências evolutivas. Ao fazê-lo, reconhecemos três grupos principais:
• Pré-australopitecos - os primeiros e mais primitivos (possíveis) hominídeos (6,0+ a 4,4 milhões de anos)
• Australopitecos - formas diversas, algumas mais primitivas, outras altamente derivadas (4,2 a 1,2 milhões de anos)
• Homo primitivo – os primeiros membros do nosso gênero (2,0+ a 1,4 milhões de anos) Pré-australopiáceos (6,0+ a 4,4 milhões de anos) O mais antigo e surpreendente desses primeiros hominídeos é representado por um crânio descoberto em um sítio da África central chamado Toros- Menalla na nação moderna do Chade. A datação provisória sugere uma data entre 7 e 6 milhões de anos (Vignaud et al., 2002). Um exame mais minucioso das evidências usadas na obtenção dessa data bioestratigráfica levou muitos paleoantropólogos a sugerir que a data posterior (6 milhões de anos) é mais provável. A morfologia do fóssil é incomum, com uma combinação de características diferentes das encontradas em outros hominídeos primitivos. A caixa craniana é pequena, estimada em não maior do que a de um chimpanzé moderno (estimativa preliminar na faixa de 320 a 380 cm³), mas é maciçamente construída, com enormes cristas frontais na frente, uma crista no topo e grandes inserções musculares no traseira. No entanto, combinado com essas características simiescas, há uma face vertical pequena contendo dentes da frente muito diferentes dos de um macaco. Na verdade, a parte inferior da face, sendo mais escondida sob a abóbada cerebral (e não saliente, como na maioria dos outros hominídeos primitivos), é mais uma característica derivada mais comumente expressa em hominídeos muito posteriores (especialmente membros do gênero Homo). Além disso, ao contrário da dentição vista em macacos (e alguns hominídeos primitivos), o canino superior é reduzido e desgastado a partir da ponta . A falta de diastema canino/pré-molar de corte é vista por muitos pesquisadores como uma importante característica derivada dos primeiros hominídeos (White et al., 2010). Os paleoantropólogos colocaram os restos de Toros-Menalla em um novo gênero e espécie de hominídeo, Sahelanthropus tchadensis (o Sahel é a região do sul do Saara no norte da África). Essas novas descobertas do Chade forçaram uma reavaliação imediata e significativa da evolução inicial dos hominídeos. Em primeiro lugar, como observamos, a datação é apenas aproximada, uma vez que se baseia na correlação bioestratigráfica com locais no Quênia (1.500 milhas a leste). Em segundo lugar, e talvez mais grave, é o status hominíneo do fóssil do Chade. Dada a estrutura facial e a dentição, é difícil ver como o Sahelanthropus poderia ser qualquer coisa além de um hominídeo. Entretanto, a posição é intermediária entre a de um macaco quadrúpede e a de um hominídeo bípede; por esta razão pode ser classificado melhor como Sahelanthropus. Como dissemos anteriormente, as características anatômicas que melhor definem os hominídeos estão relacionadas à locomoção bípede. Infelizmente, nenhum elemento pós-craniano foi recuperado do Chade – pelo menos ainda. Consequentemente, ainda não conhecemos o comportamento locomotor do Sahelanthropus, e isso levanta questões ainda mais fundamentais: e se outros achados mostrarem que essa forma não é bípede? Devemos ainda considerá-lo um hominídeo? Quais são, então, as características que definem a nossa linhagem? Por todas essas razões, vários paleoantropólogos tornaram-se recentemente mais céticos em relação ao status de hominídeos de todos os achados pré-australopitecos, e Bernard Wood (2010) prefere chamá-los de “possíveis hominídeos”. Provavelmente vivendo mais ou menos na mesma época que Sahelanthropus, dois outros gêneros de hominídeos muito antigos (possíveis) foram encontrados em locais no centro do Quênia nas colinas de Tugen e na área de Middle Awash, no nordeste da Etiópia. O mais antigo desses achados (datado por métodos radiométricos em cerca de 6 milhões de anos) vem das colinas de Tugen e inclui principalmente restos dentários, mas também alguns ossos de membros inferiores bastante completos. Esses fósseis foram colocados em um gênero de hominídeos primitivos separado chamado Orrorin que é o pré-australopiáceo geralmente reconhecido como tendo a melhor evidência para estabelecê-lo como um hominídeo (em comparação com evidências menos claras para Sahelanthropus e Ardipithecus). O último grupo de possíveis hominídeos que datam do final do Mioceno (isto é, anterior a 5 milhões de anos) vem do Médio Awash no Triângulo Afar da Etiópia. A datação radiométrica situa a idade desses fósseis no final do Mioceno, 5,8 a 5,2 milhões de anos. Os próprios restos fósseis são muito fragmentários. Alguns dos restos dentários se assemelham a alguns fósseis posteriores do Médio Awash (discutidos em breve), e Yohannes Haile-Selassie, o pesquisador que primeiro encontrou e descreveu esses materiais anteriores, os atribuiu provisoriamente ao gênero Ardipithecus Mais ou menos um milhão de anos depois no registro geológico na região de Middle Awash da Etiópia, um conjunto muito grande e significativo de hominídeos fósseis foi descoberto em um local chamado Aramis. A datação radiométrica coloca firmemente esses restos em cerca de 4,4 milhões de anos. O local, representado por um leito de ossos de 6 pés de espessura, rendeu mais de 6.000 fósseis. Esses achados abundantes incluem vertebrados grandes e pequenos – pássaros e outros répteis e até mamíferos muito pequenos. Além disso, foram recuperadas amostras de madeira fóssil e pólen. Todas essas informações são importantes para a compreensão dos ambientes em que esses antigos hominídeos viviam.

Os restos fósseis de de esqueleto hominídeos.
Deste importante local, um total de pelo menos 36 outros hominídeos são representados por dentes isolados, ossos cranianos e alguns ossos dos membros. Todos os ossos eram extremamente frágeis e fragmentados e exigiram muitos anos de esforço incrivelmente meticuloso para limpar e reconstruir. De fato, foram necessários 15 anos para que o esqueleto parcial estivesse em boas condições para ser intensamente estudado. Mas a espera valeu a pena e, em 2009, Tim White e seus colegas publicaram suas descobertas verdadeiramente notáveis. De longe, o fóssil mais informativo é o esqueleto parcial. Apesar de ter sido encontrado esmagado e fragmentado, os anos de trabalho e imagens de computador permitiram aos pesquisadores interpretar esse indivíduo de 4,4 milhões de anos.

Ardipithecus
Chamado de “Ardi”, esse indivíduo tem mais de 50% de seu esqueleto representado; no entanto, uma vez que foi encontrado em tão mau estado, qualquer reconstrução deve ser vista como provisória e aberta a várias interpretações. Ardi foi sexuado como fêmea e contém várias partes importantes, incluindo um crânio, uma pelve e mãos e pés quase completos. O tamanho do cérebro de Ardi, estimado entre 300 e 350 cm³, é bem pequeno, não sendo maior que o de um chimpanzé. No entanto, é muito parecido com o visto no Sahelanthropus e, em geral, os crânios dos dois hominídeos também parecem ser semelhantes. A preservação de grande parte do esqueleto pós-craniano é potencialmente crucial, porque os elementos-chave do corpo, como a pelve e o pé, são muito raramente descobertos. Este é o primeiro hominídeo para o qual temos tantas partes diferentes do corpo representadas, e permite aos pesquisadores formular hipóteses com mais confiança sobre o tamanho e as proporções do corpo e, talvez o mais crucial de tudo, o modo de locomoção. A altura é estimada em cerca de 4 pés, com um peso corporal de cerca de 110 libras. Comparado a outros hominídeos primitivos, tal tamanho corporal seria semelhante ao de um macho e bem acima da média de uma fêmea. A pélvis e o pé são preservados o suficiente para permitir reconstruções de computador de boa qualidade. O Ardipithecus era um bípede competente. O pé foi modificado para actuar como suporte de propulsão durante a caminhada. No entanto, Ardi também apresenta algumas grandes surpresas. Enquanto a forma do ílio parece mostrar habilidade bípede, outras partes da pelve mostram características hominóides mais ancestrais (“primitivas”). De fato, os paleoantropólogos que analisaram o esqueleto concluíram que Ardi provavelmente andou bastante adequadamente, mas pode ter tido dificuldade em correr (Lovejoy et al., 2009a, b). O pé também é uma mistura estranha de características, mostrando um dedão que é altamente divergente e capaz de agarrar consideravelmente. Alguns pesquisadores não estão convencidos de que Ardi fosse bípede e, considerando todas as outras características primitivas, alguns questionaram se Ardipithecus era realmente um hominídeo (Sarmiento, 2010). O grau extremo de reconstrução que foi necessário (especialmente para o crânio e a pelve) adiciona mais incerteza à compreensão dessa descoberta crucial. Uma coisa com a qual todos concordam é que Ardi era um alpinista capaz que provavelmente estava bem adaptado a andar de quatro no topo dos galhos. Parece claro que ela passou muito tempo nas árvores. Aceitando por enquanto que o Ardipithecus era um hominídeo, era muito primitivo, exibindo uma série de características bastante distintas de todos os membros posteriores de nossa linhagem. De fato, sua combinação de características é muito estranha e única entre nossa linhagem. A nova evidência que Ardi fornece não convenceu todos os paleoantropólogos de que Ardipithecus ou qualquer um dos outros pré-australopiáceos primitivos são hominídeos; de fato, a anatomia muito estranha de Ardi fez com que as dúvidas aumentassem. Uma coisa é certa: seria necessária uma mudança adaptativa considerável nos próximos 200.000 anos para produzir os hominídeos mais derivados que discutiremos em breve. Todas essas considerações não apenas intrigaram antropólogos profissionais, mas também capturaram a imaginação do público em geral.

Quando o primeiro membro de nossa linhagem apareceu pela primeira vez? A busca continua, e reputações profissionais são feitas e perdidas nessa busca. Outro aspecto intrigante de todos esses locais do final do Mioceno / início do Plioceno (isto é, Toros-Menalla, Tugen Hills, locais do início do Médio Awash e Aramis) relaciona-se aos ambientes antigos associados a esses primeiros hominídeos. Em vez dos habitats de savana mais abertos, tão característicos da maioria dos locais de hominídeos posteriores, o ambiente em todos esses locais primitivos é mais densamente florestado. Talvez em Aramis e nesses outros locais antigos estejamos vendo o início da divergência dos hominídeos, não muito depois da divisão dos macacos africanos.
Australopitecos (4,2 a 1,2 milhões de anos) Os mais conhecidos, mais amplamente distribuídos e mais diversos dos primeiros hominídeos africanos são coloquialmente chamados de australopitecos. De facto, esse grupo variado e altamente bem-sucedido de hominídeos é formado por dois gêneros intimamente relacionados, Australopithecus e Paranthropus. Esses hominídeos têm um intervalo de tempo estabelecido de mais de 3 milhões de anos, remontando a 4,2 milhões de anos e não se extinguindo até aparentemente perto de 1 milhão de anos - tornando-os os hominídeos mais duradouros já documentados. Além disso, esses hominídeos foram encontrados em todas as principais áreas geográficas da África que, até o momento, produziram achados primitivos de hominídeos, a saber, África do Sul, África Central (Chade) e África Oriental. De todas essas áreas combinadas, parece ter havido uma complexidade considerável em termos de diversidade evolutiva, com numerosas espécies agora reconhecidas pela maioria dos paleoantropólogos. Existem dois subgrupos principais de australopitecos: um anterior que é mais anatomicamente primitivo e um australopiteco um nome coloquial que se refere a um grupo diversificado de hominídeos africanos pliopleistoceno. os australopitecos são os mais abundantes e amplamente distribuídos de todos os hominídeos primitivos e também os mais estudados depois um que é muito mais derivado. Esses australopitecos anteriores, datados de 4,2 a 3,0 milhões de anos atrás, mostram várias características de hominídeos mais primitivos (ancestrais) do que o grupo de australopitecos posteriores, cujos membros são mais derivados, alguns extremamente. Esses hominídeos mais derivados viveram após 2,5 milhões de anos e são compostos por dois gêneros diferentes, juntos representados por pelo menos cinco espécies diferentes. (Veja o Apêndice C no Anthropology CourseMate em Cengagebrain.com para uma lista completa e mais informações sobre os primeiros achados fósseis de hominídeos.) Dado o intervalo de tempo de 3 milhões de anos, bem como nichos ecológicos bastante variados, existem inúmeras diferenças adaptativas intrigantes entre essas variadas espécies de australopitecos. Discutiremos as principais adaptações das diferentes espécies em breve. Mas primeiro vamos enfatizar as principais características que todos os australopitecos compartilham: 1. Eles são claramente bípedes (embora não necessariamente idênticos ao Homo nesse aspecto). 2. Todos eles têm cérebros relativamente pequenos (pelo menos comparados ao Homo).

2ª Lição - 2 de Junho: Evolução das espécies
Darwin: vida e obras
Charles Robert Darwin nasceu em 1809 em Shrewsbury (Inglaterra) de uma família de tradições naturalistas: seu avô, Erasmus Darwin (1731-1802), de facto apoiou, em zoonomia; a transformação de espécies vivas sob a influência do meio ambiente. Charles, quando era jovem, estudou teologia, com a intenção de embarcar na carreira eclesiástica pressionado pelo pai, mas sua vida sofreu uma reviravolta entre 1831 e 1836, quando viajou pelo mundo a bordo do veleiro Beagle, no qual havia embarcado como naturalista. Durante esta viagem, que ele mesmo descreveu no Diário das pesquisas de história natural e biologia realizadas durante a viagem do navio real Beagle (1839), ele pôde fazer inúmeras observações geológicas, que confirmaram a validade da teoria de Charles Lyell. Mas foi a aplicação da hipóteses de Lyell no contexto, sobretudo biológico, que o convenceu da transformação das espécies. Voltando à sua terra natal, Darwin dedicou-se aos estudos de biologia para descobrir qual foi a causa dessa transformação, observando sobretudo os métodos pelos quais os criadores de gado, através de cruzamentos apropriados, conseguem selecionar as espécies de animais mais desejáveis. Mas a descoberta do que teria sido sua explicação definitiva veio da leitura do trabalho de Thomas R. Malthus sobre os acontecimentos da população humana na Terra, em particular sobre a eliminação de muitos indivíduos a causa da miséria. Em 1858, quando Darwin chegou a formular sua teoria, o naturalista Alfred R. Wallace enviou-lhe um livro de memórias para ser apresentado à Linnean Society de Londres, da qual ele era membro, onde a sua teoria da evolução das espécies era esactamente sustentada e anticipada. Portanto, Darwin, tendo quebrado todo o atraso, apresentou a memória de Wallace junto com sua própria escrita, na qual anunciou ao mundo dos cientistas a teoria da seleção natural, e depois de um ano, em 1859, publicou sua obra-prima, A origem da espécies por meio da seleção natural, da qual publicou posteriormente cinco outras edições. A obra foi de imediato um enorme sucesso e lançou um debate, que viu sobretudo o cientista Thomas H. Huxley (l825-1895) se posicionar a favor de Darwin mas o mundo eclesiástico alinhou-se contra ele, pois a sua teoria transformista estava em conflito com o creacionismo da Bíblia. Mas Darwin continuou em sua pesquisa, publicando em 1868 A variação de animais e plantas pela domesticação, em 1871 A origem do homem e seleção em relação ao sexo e em 1872 A expressão das emoções no homem e nos animais . Após a morte, ocorrida em 1882, surgiu uma autobiografia sua, inserida com a correspondência na biografia escrita por seu filho Francisco.

Termos e conceitos do evolucionismo
Evolução
As mudanças, que: surgem aleatoriamente, podem ser: úteis, prejudiciais: ou irrelevantes para a conservação do indivíduo. Elas não são produzidas em função do ambiente, mas são selecionados pelo ambiente em base ao seu grau de utilidade somente depois de desenvolvidos.
uniformismo
A teoria de que os processos que ocorreram no passado geológico ainda estão em funcionamento hoje.
catastrofismo
A doutrina que afirma que eventos cataclísmicos (como vulcões, terremotos e inundações), em vez de processos evolutivos, são responsáveis ??por mudanças geológicas ao longo da história da Terra.
Lamarckismo
Proposto pela primeira vez por Lamarck, a teoria da evolução através da herança de características adquiridas em que um organismo pode transmitir características adquiridas durante sua vida.
Seleção natural: Definição e Princípios

Definição

Selecção natural è o nome que damos à ação que o meio ambiente exerce sobre os membros de uma determinada população, ação que só pode ser encontrada em retrospectiva. É difícil prever o que vai acontecer, é fácil e instrutivo ver o que aconteceu. Mas o ambiente é tão variado, tão cheio de surpresas, tão cheio de princípios muito diferentes do nosso modo de raciocinar que quase nunca, mesmo que quiséssemos, conseguiríamos prever o que ele vai preferir e o que não vai
Diz-se normalmente que Darwin concebeu sua teoria viajando no navio H.M.S Beagle. Quando tinha trinta anos, Darwin viajou pelo mundo como naturalista a bordo, fez muitas observações e colectou inúmeras amostras que ele estudou por dez, quinze, vinte anos a seguir. Na realidade Darwin já tinha uma certa ideia dentro de si que não se encaixava na visão fixista do creacionismo; em particular, ele mesmo conta que, tendo estado no Jardim Zoológico de Londres, onde pela primeira vez foram exibidos macacos antropomórficos, em particular um orangotango, ele parou muito tempo para observá-lo, para ver como ele se comportava, e ficou profundamente impressionado da semelhança do comportamento deste macaco com o dos humanos. Então Darwin já tinha a trinta anos, uma suspeita de que algo devia ser diferente. No início de sua pesquisa, Darwin percebeu que a seleção natural era a chave para a evolução. Com a ajuda das ideias de Malthus, ele viu como a seleção na natureza poderia ser explicada. Na luta pela existência, aqueles indivíduos com variações favoráveis sobreviveriam e se reproduziriam, mas aqueles com variações desfavoráveis não.

Processos básicos da evolução

Para Darwin, a explicação da evolução era simples. Os processos básicos, como ele entendeu
eles, são os seguintes:
1. Todas as espécies são capazes de produzir descendentes em um ritmo mais rápido do que o aumento dos suprimentos de comida.
2. Existe variação biológica dentro de todas as espécies.
3. Em cada geração, mais descendentes são produzidos do que sobrevivem e, devido aos recursos limitados, há competição entre os indivíduos.
4. Indivíduos que possuem variações ou características favoráveis (por exemplo, velocidade, resistência a doenças, cor da pele protectora) têm uma vantagem sobre aqueles que não os têm. Em outras palavras, eles têm maior aptidão porque as características favoráveis aumentam a probabilidade de sobreviverem até a idade adulta e se reproduzirem.
5. O contexto ambiental determina se uma característica é benéfica ou não. O que é favorável em um cenário pode ser uma desvantagem em outro. Conseqüentemente, as características que se tornam mais vantajosas são o resultado de um processo natural.
6. As características são herdadas e passadas para a próxima geração. Como os indivíduos que possuem características favoráveis contribuem com mais descendentes para a próxima geração do que os outros, com o tempo essas características favoráveis tornam-se mais comuns na população. Características menos favoráveis não são transmitidas com tanta frequência, então se tornam menos comuns com o tempo e são 'eliminadas'. Indivíduos que produzem mais descendentes em comparação com outros têm maior sucesso reprodutivo ou melhor
7. Durante longos períodos de tempo, variações bem-sucedidas se acumulam em uma população, de modo que as gerações posteriores podem ser distintas de seus ancestrais. Assim, com o tempo, uma nova espécie pode aparecer.
8. O isolamento geográfico também contribui para a formação de novas espécies. À medida que as populações de uma espécie ficam geograficamente isoladas umas das outras, por qualquer motivo (por exemplo, distância ou barreiras naturais como cordilheiras e oceanos), elas começam a se adaptar a diferentes ambientes. Com o tempo, conforme as populações continuam a responder a diferentes pressões seletivas (ou seja, diferentes circunstâncias ecológicas), elas podem se tornar espécies distintas.

Fitness = aptidão biológica

Não é tão importante quanto és prestante, bonito, atraente, mas quantos filhos deixas para trás; é claro, se tu não atingir à idade reprodutiva não deixas filhos, mas se tu atingir à idade reprodutiva com toda a força e destreza do teu corpo, mas por uma série de razões não deixar descendência suficiente, é como se tu não existisse. Essa proliferação, esse número de descendentes, é chamado de aptidão ou "adequação biológica", mas na realidade é uma entidade numérica, porque a teoria da evolução é uma teoria quantitativa: aqueles que deixam cem filhos estarão mais representados na população do que aqueles que deixam dois. Não existem características melhores que outras, existem características mais adequadas a um determinado ambiente; se o ambiente muda, o valor das características muda, e o único árbitro, o único e indiscutível juiz de tudo isso, é o ambiente físico, mas também o biológico, no qual uma determinada população vive


Teoria da evolução

O século XIX foi o século do colecionismo científico. Durante os anos 1800, o mundo se descobriu através das coleções. Expedições grandes e pequenas – envolvendo cientistas, exploradores e aventureiros – cruzaram os continentes e investigaram massas de terra ao redor do globo. Essas equipes coletaram centenas de milhares de amostras: plantas, animais, rochas e fósseis preservados. Esse tipo de trabalho, em uma dessas expedições internacionais, ajudou a lançar as bases para a teoria biológica mais importante— a teoria da evolução.
Em 1831, um inglês de 22 anos e recém-formado pela Universidade de Cambridge, Charles Darwin, foi nomeado naturalista e convidado a participar numa viagem de cinco anos ao redor do mundo com o navio HMS Beagle. Imagine esta viagem como seu primeiro emprego logo após a faculdade! O jovem Sr. Darwin, formado em medicina e teologia, aceitou uma tarefa difícil. Ele deveria coletar, documentar e estudar o mundo natural – plantas e animais, especialmente – em todos os lugares em que o navio ancorasse. Ao final dessa viagem, Darwin havia reunido uma coleção maravilhosamente abrangente de plantas, insectos, pássaros, conchas, fósseis e muitos outros materiais. Os espécimes que ele colectou e as observações que fez sobre as coisas que viu naquela viagem formariam a base de sua vida inteira de pesquisas. Suas descobertas fariam nada menos que moldar o futuro das ciências biológicas, incluindo a antropologia física. Suas ideias forneceriam a chave para entender a origem e a evolução da própria vida.
Logo após a viagem voltou para casa, Darwin começou a formular perguntas sobre as origens das plantas e animais que viviam nas muitas terras que ele e seus companheiros de bordo haviam explorado. Suas observações mais proeminentes diziam respeito às diferenças físicas, ou variação, entre e entre membros da mesma espécies, ou como animais e plantas.

Tentilhões das Galapagos

Ele articulou melhor o fenômeno em suas notas sobre tentilhões, aves que vivem em Galápagos, um pequeno aglomerado de ilhas a 965 km (600 milhas) da costa do Equador. Essas aves não apenas diferiam de ilha para ilha, mas mesmo dentro de uma única ilha elas pareciam variar de acordo com o habitat ou ambiente. Por exemplo, os tentilhões que vivem na costa de uma ilha têm uma forma de bico diferente dos tentilhões que vivem no interior de uma ilha. Essas observações levantaram duas questões para Darwin: por que os pássaros eram diferentes de ilha para ilha e de habitat para habitat? Como surgiram as diferentes espécies de tentilhões? Após anos de estudo, Darwin respondeu a essas perguntas com uma ideia chamada “descendência com mudança”, ou a teoria da evolução.
Darwin também percebeu que as mudanças nas características físicas das diferentes espécies de tentilhões e outros organismos eram adaptações – características físicas que aumentavam a capacidade de um organismo de sobreviver e se reproduzir. Darwin reconheceu muitas outras adaptações no mundo natural e concluiu que a adaptação era o cerne da evolução.

Selecção natural

Para conectar esses processos, ele cunhou o termo selecção natural. De acordo com este princípio, as características biológicas que aumentam a sobrevivência aumentam em frequência de geração em geração. Membros de uma população dotada dessas características produzem mais descendentes que sobrevivem até a idade reprodutiva do que membros que não são dotados dessas características. A seleção natural é, portanto, o principal motor da evolução. Reconhecendo que as diferentes espécies de tentilhões derivavam de um único ancestral comum que se originou na América do Sul,

Radiação adaptiva

Darwin também postulou o processo de radiação adaptativa: de uma espécie ramificam-se várias espécies intimamente relacionadas.
Darwin considerava a evolução simplesmente como uma mudança biológica de geração em geração. Muitos biólogos evolucionistas hoje limitam sua definição de evolução apenas à mudança genética. No entanto, a mudança de desenvolvimento não genética – mudança biológica que ocorre durante a vida de um indivíduo – pode dar uma vantagem (ou desvantagem) adaptativa a um indivíduo ou indivíduos dentro de uma população. Além disso, os genes controlam os processos de desenvolvimento, que também influenciam outros genes.

abordagem histórica

Depois de ler sobre sua história intelectual antes de Darwin, a contribuição de Darwin e os desenvolvimentos desde Darwin, se deve ter uma ideia clara do que antropólogos físicos e outros biólogos evolucionistas entendem por evolução.

A Teoria da Evolução: O Contexto para Darwin

Antes da época de Darwin, a compreensão dos cientistas ocidentais sobre a Terra e os organismos que a habitam era fortemente influenciada pela doutrina religiosa. Na visão judaico-cristã, o planeta era relativamente jovem, e tanto sua superfície quanto as formas de vida sobre ele não haviam mudado desde sua criação milagrosa. No final dos anos 1700, os cientistas perceberam três coisas importantes sobre o mundo e seus habitantes:

a Terra é bastante antiga,
sua superfície é muito diferente do que era no passado e
plantas e animais mudaram ao longo do tempo.
Essas percepções sobre o mundo natural forneceram o contexto para a teoria da evolução de Darwin.

Campos disciplinares da evolução

Para gerar sua teoria, Darwin baseou-se em informações de cinco disciplinas científicas:

geologia,
paleontologia,
taxonomia sistemática,
demografia e o que hoje é chamada de
biologia evolutiva.
Geologia é o estudo da Terra, especialmente no que diz respeito à sua composição, actividade e história. Esta disciplina demonstrou a grande idade do nosso planeta e o desenvolvimento de sua paisagem.
Paleontologia é o estudo dos fósseis. Esta disciplina detalhou formas de vida passadas, muitas já extintas.
Taxonomia é a classificação de formas de vida passadas e vivas. Esta disciplina lançou as bases para a sistemática, o estudo das relações biológicas ao longo do tempo.
A demografia é o estudo da população, especialmente no que diz respeito ao nascimento, sobrevivência e morte e os principais fatores que influenciam essas três partes fundamentais da vida.
A biologia evolutiva é o estudo dos organismos e suas mudanças. Ao investigar os princípios fundamentais pelos quais a evolução opera, Darwin fundou essa disciplina. Nas seções a seguir, veremos esses campos com mais detalhes.
GEOLOGIA: RECONSTRUINDO A HISTÓRIA DINÂMICA DA TERRA

Agora sabemos que nosso planeta tem 4,6 bilhões de anos e que ao longo do tempo sua superfície mudou drasticamente. Se tivéssemos adoptado essas ideias, no final do 1600, não teríamos acreditado e esta teoria teria sido condenada pela Igreja porque contradiz a Bíblia. De acordo com uma interpretação literal da Bíblia, a Terra tem alguns milhares de anos e sua superfície é estática.

James Hutton

O cientista escocês James Hutton (1726-1797) ficou insatisfeito com a interpretação bíblica da história do planeta. Ele dedicou sua vida a estudar as forças naturais, como vento e chuva, e como elas afetavam a paisagem na Escócia. Hutton deduziu de suas observações que essas forças mudaram a superfície da Terra no passado, assim como fazem no presente. O vento e a chuva criaram a erosão, que forneceu as matérias-primas – areia, rocha e solo – para a formação de novas superfícies de terra.

Estratificaçãoes geológicas

Com o tempo, essas superfícies foram empilhadas umas sobre as outras, formando camadas, ou estratos, de depósitos geológicos. A partir do tempo (muito longo) necessário para que esses estratos se acumulassem, ele calculou a idade da Terra em milhões de anos. Essa foi uma percepção revolucionária, na verdade herética.

uniformismo

A ideia de Hutton – de que os processos naturais que operam hoje são os mesmos que os processos naturais que operaram no passado – é chamada de uniformismo. Poucos prestaram muita atenção à importante contribuição de Hutton

Charles Lyell (1797-1875)

para nossa compreensão da história da Terra até a redescoberta da ideia pelo geólogo escocês Charles Lyell (1797-1875). Lyell dedicou energia considerável a pensar e escrever sobre uniformismo e suas implicações para explicar a história de nosso planeta. Seus cálculos de quanto tempo levaria para que todos os estratos conhecidos se construíssem criaram uma montanha de evidências, um registro inegável, de que a Terra tinha milhões de anos. Hutton e Lyell, baseando-se em evidências empíricas e observações pessoais para desenvolver suas ideias e testar hipóteses claras sobre o mundo natural, revisaram a escala de tempo para o estudo da vida passada.
PALEONTOLOGIA: RECONSTRUINDO A HISTÓRIA DE VIDA NA TERRA
Por centenas de anos, as pessoas têm encontrado fósseis = restos preservados — isto é, fossilizados — de organismos em todo o mundo.

Robert Hooke

Para testar sua hipótese de que os fósseis são restos de vidas passadas, o cientista inglês Robert Hooke (1635-1703) estudou a estrutura microscópica da madeira fóssil. Após observar que a estrutura tecidual da madeira fóssil era idêntica à estrutura tecidual das árvores vivas, Hooke concluiu que a madeira fóssil derivava de árvores outrora vivas.

Georges Cuvier (1769-1832)

O potencial dos fósseis para iluminar o passado foi demonstrado pelo naturalista e zoólogo francês Georges Cuvier (1769-1832). Cuvier dedicou um esforço considerável para aprender a anatomia, ou composição estrutural, de muitos tipos de animais. Pioneiro no que hoje chamamos de paleontologia e anatomia comparada, ele aplicou seu amplo conhecimento de anatomia comparada aos fósseis. Ao fazer isso, ele reconstruiu as características físicas dos animais do passado – sua aparência, fisiologia e comportamento. Embora não muito precisos para os padrões de hoje, esses esforços forneceram ferramentas iniciais para entender as formas de vida passadas como organismos que já viveram. Através de reconstruções detalhadas, Cuvier demonstrou que os fósseis encontrados em estratos geológicos na França eram os restos de animais que foram extintos em algum ponto do passado remoto. O trabalho de Cuvier forneceu a primeira compreensão básica da história da Ufe, desde as primeiras formas até as mais recentes.
Cuvier observou que cada estrato parecia conter um conjunto único de fósseis. O que aconteceu com os animais representados por cada conjunto, cada camada? Cuvier concluiu que eles devem ter sido extintos devido a alguma catástrofe poderosa, como um terremoto ou uma erupção vulcânica. Ele supôs que, após cada catástrofe, a região estava vazia de toda a vida e foi posteriormente repovoada por um grupo diferente de animais que se mudaram para lá de outros lugares. Essa perspectiva é chamada de catastrofismo.
Agora sabemos que a história da Terra não consiste em catástrofes sequenciais e extinções resultantes. Catástrofes passadas, como a extinção dos dinossauros por volta de 65 milhões de anos, afetaram profundamente a direção da evolução, mas não foram o principal fator na evolução.
No entanto, tais eventos são raros e não explicam nem mesmo a sequência de fósseis observada por Cuvier, principalmente na região chamada Bacia de Paris. Além de confirmar que os fósseis eram restos de vida no passado distante, Cuvier revelou que os estratos geológicos mais recentes contêm principalmente mamíferos e os estratos geológicos anteriores contêm principalmente répteis, incluindo os dinossauros.

TAXONOMIA

No mundo pré-darwiniano, a maioria dos cientistas que estudavam as formas de vida percebeu a importância de desenvolver uma taxonomia — uma classificação das formas de vida — para identificar as relações biológicas. Os esforços de Linnaeus em taxonomia adotaram uma abordagem de senso comum. Os animais foram colocados em grandes grupos, como cães, gatos, cavalos, gado e pessoas. As plantas foram colocadas em grandes grupos, como árvores, arbustos, trepadeiras e ervas daninhas.

Contribuição e Significado da história do pensamento evolutivo

James Hutton

Calculada a idade da Terra em milhões de anos (1788)
Forneceu evidência geológica necessária para calcular o intervalo de tempo da evolução

Charles Lyell

Redescobriu e reforçou as ideias de Hutton (1830)
Forneceu mais evidências geológicas

Robert Hooke

Provou que os fósseis são restos de organismos (1665)
Revelado que os fósseis forneceriam a história da vida passada

Georges Cuvier

Fósseis extensivamente estudados (1796)
Revelou muita variação no registro fóssil

John Ray

Taxonomia pioneira baseada na aparência física (1660)
Criou a primeira classificação científica de plantas e animais

Carolus Lineu

Escreveu Sistemas da Natureza (1735)
Apresentou a taxonomia de nomenclatura binomial de plantas e animais

Thomas Malthus

Demografia fundada no princípio de que: apenas alguns encontrarão comida suficiente para sobreviver (1798)
Formulando o conceito de características vantajosas para a sobrevivência

Jean-Baptiste de Monet - Chevalier de Lamarck (1744-1829)

Características postuladas adquiridas por herança (lamarckismo) (1809)
Forneceu o primeiro modelo sério de passagem de traços físicos de pais para filhos No final dos anos 1700, um punhado de cientistas começou a argumentar que, ao contrário da doutrina religiosa, os organismos não são fixos – eles mudam com o tempo, às vezes de maneira dramática. Simplesmente, a vida evoluiu no passado e a evolução é um processo contínuo, processo não direcionado. Com base nesse conceito, o naturalista francês Jean-Baptiste de Monet (1744-1829), mais conhecido por seu título, Chevalier de Lamarck, especulou que plantas e animais não apenas mudam de forma ao longo do tempo, mas o fazem para fins de auto-aperfeiçoamento . Lamarck acreditava que, em resposta a novas demandas ou necessidades, as formas de vida desenvolvem novas modificações anatômicas, como novos órgãos. Sua ideia central - que quando as formas de vida se reproduzem, elas passam para seus descendentes as modificações que adquiriram até aquele ponto - é chamada herança lamarckiana de características adquiridas, ou lamarckismo. Agora sabemos que o mecanismo de evolução de Lamarck está errado – descendentes não herdam características adquiridas por seus pais – mas seu trabalho foi a primeira grande tentativa de desenvolver uma teoria baseada na premissa de que os organismos vivos surgiram de espécies precursoras. Lamarck também estava convencido de que os humanos evoluíram de algum animal simiesco.


Erasmus Darwin (1731-1802)

Também postulou características (determinadas por desejos e necessidades) adquiridas por herança (1794)
Avançou a noção de que as mudanças físicas ocorreram no passado
Ainda no século XVII, os cientistas geralmente acreditavam que as espécies eram imutáveis. Na opinião deles, a vida mudou muito pouco, ou nada, desde o tempo da criação única. Assim, os primeiros taxonomistas não foram motivados por um interesse na evolução. Em vez disso, eles foram motivados por seu desejo de apresentar a imagem mais completa e precisa das intenções do Criador para Seu mundo recém-criado. Para construir a melhor taxonomia possível, o naturalista inglês. No final dos anos 1700, um punhado de cientistas começou a argumentar que, ao contrário da doutrina religiosa, os organismos não são fixos – eles mudam com o tempo, às vezes de maneira dramática. Simplesmente, a vida evoluiu no passado e a evolução é um processo contínuo, processo não direcionado. Com base nesse conceito, o naturalista francês Jean-Baptiste de Monet (1744-1829), mais conhecido por seu título, Chevalier de Lamarck, especulou que plantas e animais não apenas mudam de forma ao longo do tempo, mas o fazem para fins de auto-aperfeiçoamento . Lamarck acreditava que, em resposta a novas demandas ou necessidades, as formas de vida desenvolvem novas modificações anatômicas, como novos órgãos. Sua ideia central - que quando as formas de vida se reproduzem, elas passam para seus descendentes as modificações que adquiriram até aquele ponto - é chamada herança lamarckiana de características adquiridas, ou lamarckismo. Agora sabemos que o mecanismo de evolução de Lamarck está errado – descendentes não herdam características adquiridas por seus pais – mas seu trabalho foi a primeira grande tentativa de desenvolver uma teoria baseada na premissa de que os organismos vivos surgiram de espécies precursoras. Lamarck também estava convencido de que os humanos evoluíram de algum animal simiesco.


John Ray (1627-1705)

defendeu a observação pessoal, a descrição cuidadosa e a consideração dos muitos atributos de plantas e animais. A atenção de Ray aos detalhes lançou as bases para a taxonomia posterior, especialmente para o sistema de nomenclatura binomial (dois nomes) desenvolvido pelo naturalista sueco Carl von Linné (1707-1778). Von Linne, mais conhecido por seu nome latinizado,

Carolus Linnaeus, (1707-1778)

deu a cada planta e animal um nome de gênero de nível superior (plural, gêneros) e um nome de espécie de nível inferior (plural também é espécie) (Figura 2.8). Um único gênero pode incluir uma ou mais espécies. Por exemplo, quando Linnaeus chamou os seres humanos de Homo sapiens — Homo sendo o gênero, sapiens sendo a espécie — ele pensou que havia espécies e subespécies de humanos vivos. A presença de mais de um nível em sua taxonomia reconheceu diferentes graus de semelhança física. Hoje, reconhecemos que o sapiens é a única espécie viva do gênero Homo.
Linnaeus apresentou a primeira versão de sua taxonomia em seu livro Systema Naturae (1735), ou Sistema da Natureza. À medida que revisava a taxonomia — seu livro acabaria por passar por 10 edições — ele acrescentou mais e mais níveis à hierarquia. Ele classificou grupos de gêneros em ordens e grupos de ordens em classes. Por exemplo, ele nomeou a ordem “Primatas”, o grupo de mamíferos que inclui humanos, símios, macacos e prossímios. Desde o século XVIII, esse sistema taxonômico evoluiu para vários níveis de classificação, indo da subespécie na base ao reino no topo.

Fixismo

Linnaeus fez um esforço gigantesco de sistematização e, com base nisso, grandes naturalistas começaram a comparar as várias espécies entre si e, sobretudo, as estruturas anatômicas das várias espécies. Mas ninguém pensava que as espécies pudessem mudar: havia a convicção, mais ou menos explícita, de que sempre foram as mesmas que originalmente Deus criou. Uma suposição que todos os biólogos fizeram. Como Ray, Lineu estava comprometido com a noção de que as formas de vida eram estáticas, fixas no momento da Criação. Em edições posteriores de seu livro, ele sugeriu a possibilidade de que algumas espécies possam estar relacionadas entre si por causa de descendência comum, mas nunca desenvolveu essas ideias. Sua taxonomia ainda é usada hoje, embora vista com um senso muito mais forte de variação presente e passada. A flexibilidade do sistema auxiliou os biólogos evolucionistas no estudo da diversidade biológica, e o foco nas relações taxonômicas ao longo do tempo é agora chamado de sistemática gênero Um grupo de espécies relacionadas.

DEMOGRAFIA e COMPETIÇÃO POR RECURSOS LIMITADOS

Thomas Malthus (1766-1834)

Após retornar à Inglaterra e enquanto desenvolvia suas ideias sobre seleção natural, Darwin leu as obras de todos os grandes cientistas da época. Provavelmente a influência mais importante em suas ideias foi An Essay on the Principle of Population, do economista político inglês Thomas Malthus (1766-1834). Publicado pela primeira vez em 1798, o livro de Malthus argumentava que uma abundância de alimentos – o suficiente para alimentar um recém-nascido – permitiria que a população humana aumentasse geométrica e indefinidamente. Na realidade, argumentou o Ensaio, simplesmente não há comida suficiente para todos os nascidos, então a população é limitada pela oferta de alimentos. Quem sobrevive até a idade reprodutiva? Aqueles que podem competir com sucesso por comida. De quem são os filhos que prosperam? Os dos sobreviventes que conseguem alimentar seus filhos.

Malthusianismo

O famoso livro de Thomas Malthus difundido na sociedade inglesa, deu origem, de fato, à corrente de pensamento do malthusianismo, em que se mostrava como em todas as espécies, ainda que Malthus falasse acima de tudo da espécie humana, partimos em muitos e chegamos em poucos: basta pensar nos peixes, que despejam milhões de ovos fertilizados na água e chegam à idade adulta em dois, três, quatro exemplares. Esse tremendo desperdício, se preferir, de material vivo não poderia deixar de impressionar Darwin e fundir-se com o conceito de seleção natural. Em resumo: preseminação contínua de variantes, poder de seleção artificial, grande desperdício entre aqueles que iniciam a corrida pela vida e aqueles que atingem a idade reprodutiva.

Cinco da observação de Malthus inspiraram o princípio de Darwin da seleção natural.

Observação 1

Para a maior parte de organismos, cada par de pais produz múltipla (às vezes muitos) descendência.

Observação 2

Para a maior parte de organismos, o tamanho demográfico permanece o mesmo. Nenhum aumento ocorre dentro de algum tempo.

Observação 3

A população é limitada pela provisão alimentar.

Observação 4

Os membros de populações competem pelo acesso à comida.

Observação 5

Nenhum dois membro de uma espécie é parecido na sua diversidade de atributos físicos existentes.

Teoria: Evolução por meio de Seleção Natural

A sua teoria, contém essencialmente dois pontos:

o primeiro, que ninguém contesta há anos, é a derivação comum de todos os organismos vivos, ou seja, que todos os seres vivos actuais derivam de um grupo de organismos que já viveram (que hoje sabemos que corresponde a cerca de três bilhões e oitocentos milhões de anos atrás);
o segundo ponto - mais difícil de aceitar, e de facto é aquele sobre o qual se criam mais controvérsias, e também se criaram no passado - defende que todas as modificações biológicas das espécies se baseiam exclusivamente na produção de variantes contínuas e sobre a seleção natural. É essa incrível simplicidade da explicação, que alguns consideram excessiva, que fez com que a teoria darwiniana fosse criticada na maioria das vezes. Os indivíduos que têm variação que é vantajosa para a sobrevivência à idade reprodutiva produzem mais descendência (e mais descendência que sobrevive) do que indivíduos que necessitam desta variação.
Aplicando as ideias demográficas de Malthus a animais humanos e não humanos, Darwin concluiu que alguns membros de espécies árias competem com sucesso por comida porque possuem algum atributo ou atributos especiais. Que uma característica individual pudesse facilitar a sobrevivência foi uma revelação!

herança de traços adquiridos

teoria bonita, mas falsa (em trezentos anos ninguém jamais conseguiu demonstrar que um traço adquirido durante a vida pode ser herdado). Assim, Darwin e seus sucessores insistem no facto de que não há direção, não há propósito, não há preferência: ocorrem mutações favoráveis, desfavoráveis, mas também absolutamente neutras; então tudo pode acontecer, a única coisa que importa é a ação que o meio ambiente exercita para recompensar uns e castigar outros.

Tentilhão das Galapagos

O tentilhão de solo médio das Ilhas Galápagos fornece outro exemplo de seleção natural. Em 1977, a seca matou muitas das plantas que produziam as sementes menores e mais macias preferidas por essas aves. Isso forçou uma população de tentilhões em uma das ilhas a se alimentar de sementes maiores e mais duras. Mesmo antes de 1977, alguns pássaros tinham bicos menores e menos robustos do que outros (ou seja, havia variação). Durante a seca, por serem menos capazes de processar as sementes maiores, morreram mais pássaros de bico menor do que pássaros de bico maior. Portanto, embora o tamanho da população geral tenha diminuído, a espessura média do bico dos sobreviventes e de seus descendentes aumentou, simplesmente porque os indivíduos de bico mais grosso estavam sobrevivendo em maior número e produzindo mais descendentes. Em outras palavras, eles tiveram maior sucesso reprodutivo. Mas durante chuvas fortes em 1982-1983, sementes menores tornaram-se mais abundantes e o padrão no tamanho do bico se inverteu, demonstrando novamente como o sucesso reprodutivo está relacionado às condições ambientais (Grant, 1986; Ridley, 1993). A melhor ilustração de seleção natural, entretanto, e certamente com consequências potencialmente graves para os humanos, é o aumento de cepas resistentes de micro-organismos causadores de doenças. Quando os antibióticos foram introduzidos pela primeira vez na década de 1940, eles eram vistos como a cura para doenças bacterianas. No entanto, essa visão otimista não levou em consideração que as bactérias, como outros organismos, possuem variação genética. Consequentemente, embora um antibiótico mate a maioria das bactérias em uma pessoa infectada, qualquer bactéria com resistência hereditária a esse tratamento específico sobreviverá. Por sua vez, os sobreviventes se reproduzem e passam sua resistência aos medicamentos para as gerações futuras, de modo que, eventualmente, a população é composta principalmente por bactérias que não respondem ao tratamento. Além do mais, como as bactérias produzem novas gerações a cada poucas horas, cepas resistentes a antibióticos estão aparecendo continuamente. Como resultado, muitos tipos de infecção não respondem mais ao tratamento. Por exemplo, a tuberculose já foi considerada bem controlada, mas tem havido um ressurgimento da tuberculose nos últimos anos porque algumas cepas da bactéria que a causa são resistentes à maioria dos antibióticos usados para tratá-la. Esses exemplos (mariposas, tentilhões e bactérias) fornecem os seguintes

pontos fundamentais sobre a mudança evolutiva produzida na seleção natural:

1. Uma característica deve ser herdada para que a seleção natural aja sobre ela. Uma característica que não é hereditária (como uma mudança temporária na cor do cabelo produzida pelo cabeleireiro) não será passada para a prole. Em tentilhões, por exemplo, o tamanho do bico é uma característica hereditária.
2. A seleção natural ocorre quando há variação populacional nas características herdadas. Se, por exemplo, todas as mariposas salpicadas inicialmente fossem cinza claro e as árvores tivessem se tornado mais escuras, a sobrevivência e a reprodução das mariposas poderiam ter sido tão baixas que a população poderia ter se extinguido. A seleção pode funcionar apenas com variação que já existe.
3. A aptidão é uma medida relativa que muda conforme a mudança do ambiente. A aptidão é simplesmente um sucesso reprodutivo diferencial. No estágio inicial, as mariposas mais leves estavam mais aptas porque produziram mais descendentes. Mas, à medida que o ambiente mudou, as mariposas cinza-escuras tornaram-se mais adequadas. Mais tarde, uma nova mudança reverteu o padrão novamente. Da mesma forma, a maioria dos tentilhões de Galápagos terá bicos maiores ou menores, dependendo das condições externas. Portanto, deve ser óbvio que afirmações sobre o “mais adequado” não significam nada sem referência a ambientes específicos.
4. A seleção natural pode agir apenas em características que afetam a reprodução. Se uma característica não é expressa até mais tarde na vida, depois que os organismos se reproduzem, a seleção natural não pode influenciá-la. Isso ocorre porque os componentes herdados da característica já foram passados para a prole. Muitas formas de câncer e doenças cardiovasculares e diabete são influenciadas por factores hereditários, mas como essas doenças geralmente afectam as pessoas depois de terem filhos, a seleção natural não pode agir contra elas. Da mesma forma, se uma condição geralmente mata ou compromete o indivíduo antes que ele se reproduza, a seleção natural é capaz de agir contra ela porque a característica não será transmitida.

Seleção natural e sucesso reprodutivo

Até agora, nossos exemplos mostraram como diferentes taxas de mortalidade influenciam a seleção natural (por exemplo, mariposas ou tentilhões que morrem cedo deixam menos descendentes). Mas a mortalidade é apenas parte do quadro. Outro aspecto importante da seleção natural é a fertilidade, porque um animal que dá à luz mais filhotes contribui com mais genes para a próxima geração do que um animal que produz menos descendentes. Mas a fertilidade também não é tudo, porque o elemento crucial é o número de jovens criados com sucesso até o ponto em que eles próprios se reproduzem. Chamamos isso de sucesso reprodutivo líquido diferencial. A forma como esse mecanismo funciona pode ser demonstrada por meio de outro exemplo. Em andorinhões (pequenos pássaros que se parecem com andorinhas), os dados mostram que produzir mais descendentes não garante necessariamente que mais jovens serão criados com sucesso.
O número de ovos eclodidos em uma estação de reprodução é uma medida de fertilidade. O número de pássaros que amadurecem e podem eventualmente deixar o ninho é uma medida do sucesso reprodutivo líquido, ou da prole criada com sucesso. A tabela a seguir mostra a correlação entre o número de ovos eclodidos (fertilidade) e o número de filhotes que deixam o ninho (sucesso reprodutivo), em média ao longo de quatro estações reprodutivas (Lack, 1966).

A origem do homem 1871

A teoria de Darwin suscitou inúmeras reações de surpresa, mas também de rejeição. Mas o verdadeiro drama aconteceu doze anos depois, em 1871, quando Darwin publicou a continuação do livro A Origem das Espécies de 1859, que tinha apenas uma frase: "A luz virá também sobre a origem do homem" ; enquanto doze anos depois o livro A origem do homem é inteiramente dedicado à origem da nossa espécie, onde se afirma claramente que tudo o que foi proposto para as espécies animais, vegetais, fúngicas e bacterianas também se aplica à nossa espécie. E este é o grande golpe que a teoria da evolução dá ao pensamento comum: não somos mais que animais, ainda que muito particulares, que tiveram uma história, que tiveram uma evolução. O mais difícil de explicar é a triplicação do nosso cérebro a capacidade craniana aumentou três vezes, então passamos de 400 gramas de cérebro (mais ou menos o de um chimpanzé) para 1300-1400 gramas do homem moderno.

Evolução cultural

E então, em certo momento, aconteceu um evento único na história: os instrumentos apareceram; junto aos restos fósseis encontram-se lascas de pedra alisadas, que indicam como estes seres, únicos no mundo vivo, para além de reproduzir-se passaram a utilizar objetos para um fim. A partir daí começou um outro tipo de evolução, chamada "evolução cultural", que levou ao mundo contemporâneo com toda a sua tecnologia. A evolução cultural é muito rápida em comparação com a biológica, de facto, para que algo importante do ponto de vista biológico aconteça, precisam centenas de milhares de anos, senão milhões de anos, enquanto hoje com este tipo de cérebro, de sistema nervoso, de "equipamento" biológico podemos evoluir culturalmente em poucos anos.

Restrições à Teoria Evolucionária do Século XIX

Darwin defendeu o conceito de evolução em geral e o papel da seleção natural em particular. Mas ele não entendia os mecanismos exatos de mudança evolutiva. Como já vimos, a seleção natural atua na variação dentro das espécies, mas o que Darwin não entendeu foi de onde veio a variação. No século XIX, essa questão permanecia sem resposta, e ninguém entendia como os filhos herdavam os traços de seus pais. Quase sem exceção, os cientistas do século XIX acreditavam que a herança era um processo de combinação no qual as características dos pais são misturadas para produzir expressões intermediárias na prole. Dada essa noção, podemos ver por que a verdadeira natureza dos genes era inimaginável; e sem nenhuma explicação alternativa, Darwin aceitou a teoria da herança da combinação. Acontece que um contemporâneo de Darwin havia realmente elaborado as regras da hereditariedade. No entanto, o trabalho deste monge agostiniano chamado Gregor Mendel não foi reconhecido até o início do século XX. As primeiras três décadas do século XX viram a fusão da teoria da seleção natural e as descobertas de Mendel. Este foi um desenvolvimento crucial porque, até então, os cientistas pensavam que esses conceitos não estavam relacionados. Então, em 1953, a estrutura do DNA foi descoberta. Essa conquista histórica foi seguida por avanços ainda mais surpreendentes no campo da genética. O genoma humano foi sequenciado em 2003, seguido pelo genoma do chimpanzé em 2005. Os genomas de muitas outras espécies também foram sequenciados. Ao comparar os genomas de espécies diferentes (um campo chamado genômica comparativa), os cientistas podem examinar o quão geneticamente semelhantes (ou diferentes) eles são. Isso pode explicar muitos aspectos de como essas espécies evoluíram. Além disso, desde o início de 1990, vários cientistas fundiram os campos da biologia evolutiva e do desenvolvimento em um novo campo chamado evolução do desenvolvimento, ou simplesmente “evo-devo”. Essa abordagem, que compara as ações de diferentes genes do desenvolvimento e os factores que os regulam, está tornando possível explicar a evolução de maneiras que eram impossíveis até 15 anos atrás. Os cientistas estão realmente prestes a revelar muitos segredos do processo evolutivo. Se ao menos Darwin pudesse saber o que sabemos agora!

Oposição à evolução hoje

Mais de um século e meio após a publicação de Sobre a origem das espécies, o debate sobre a evolução está longe de terminar, especialmente nos Estados Unidos e cada vez mais em vários países muçulmanos. Entre a comunidade biológica, a evolução é indiscutível. As evidências genéticas são sólidas e se acumulam diariamente. Quem aprecia e entende os mecanismos genéticos não pode evitar a conclusão de que as populações e espécies evoluem. Além do mais, a maioria dos cristãos não acredita que as representações bíblicas devam ser interpretadas literalmente. Mas, ao mesmo tempo, algumas pesquisas mostram que cerca de metade de todos os americanos não acredita que a evolução ocorra. Uma pesquisa Gallup recente, de fato, mostrou que 42 por cento dos americanos acreditam no criacionismo bíblico (Newport, 2014). Existem várias razões para isso. Os mecanismos de evolução são complexos e não se prestam a explicações simples. Entendê-los requer alguma familiaridade com genética e biologia, uma familiaridade que a maioria das pessoas não tem, a menos que tenham feito cursos relacionados na escola. Além disso, muitas pessoas querem respostas definitivas e claras para perguntas complexas. Mas, a ciência nem sempre fornece respostas definitivas às perguntas; por design, não estabelece verdades absolutas; e não prova fatos. Outra coisa a considerar é que, independentemente de sua cultura, a maioria das pessoas é criada em sistemas de crenças que não enfatizam a continuidade biológica entre as espécies ou oferecem explicações científicas para fenômenos naturais. A relação entre ciência e religião nunca foi fácil (lembre-se de Galileu), embora ambas sirvam, a sua maneira, para explicar fenômenos naturais. As explicações científicas são baseadas na análise de dados, teste de hipóteses e interpretação. A religião, por sua vez, é um sistema de crenças baseadas na fé. A principal diferença entre ciência e religião é que as crenças e explicações religiosas não são passíveis de testes científicos. Religião e ciência dizem respeito a diferentes aspectos da experiência humana, mas não são abordagens inerentemente mutuamente exclusivas. Ou seja, a crença em Deus não exclui a possibilidade de evolução biológica; e o reconhecimento dos processos evolutivos não exclui a existência de Deus. Além do mais, as teorias evolucionistas não são rejeitadas por todas as religiões ou pela maioria das formas de cristianismo. Há alguns anos, o Vaticano sediou uma conferência internacional sobre a evolução humana; em 1996, o Papa João Paulo II emitiu uma declaração de que “novos conhecimentos levam ao reconhecimento da teoria da evolução como mais do que apenas uma hipótese”. Hoje, a posição oficial da Igreja Católica é que os processos evolutivos ocorrem, mas que a alma humana é de criação divina e não está sujeita a processos evolutivos. Da mesma forma, os protestantes convencionais geralmente não vêem um conflito. Infelizmente, aqueles que acreditam em uma interpretação absolutamente literal da Bíblia (chamados de fundamentalistas) não aceitam concessões. Então, depois de pelo menos vinte anos de meditação, Darwin publicou A Origem das Espécies em 1859, que é o primeiro. e talvez o mais importante, livro sobre evolução. No entanto, houve também uma viagem interior, uma viagem muito cansativa. porque sua esposa era muito religiosa e Darwin também era crente - ele não era católico. Ele era um protestante de confissão unificada - e percebeu que, à medida que avançava, se via questionando cada vez mais as afirmações encontradas nas Sagradas Escrituras. Isso lhe causou muitos traumas internos, alguns até dizem que sua saúde foi prejudicada por isso. É claro que os últimos quarenta anos de sua vida foram uma provação; nunca ficou claro que doença ele tinha, provavelmente psicossômatica, e alguém atribui esses sintomas ao tumulto interior, ao trabalho, ao esforço de concordar com o que sua razão lhe dizia e o que sua profunda convicção sugeria.

Bibliografia

Boncinelli, E. (2012). Charles Darwin. L'uomo: evoluzione di un progetto?. Roma: L'Espresso.
Larsen, C. E. (2012). Charles Darwin. Essentials of Physical Anthropology. New York: Norton.